domingo, 1 de fevereiro de 2015

SISTEMA PENITENCIÁRIO

Morre detento ferido em tumulto no Complexo do Curado

Vítima havia sido socorrida e levada para o Hospital Otávio de Freitas

Publicado em 31/01/2015, às 11h22


Do JC Online

Atualizada às 17h22

Tumulto teria iniciado devido à lentidão na entrada das visitas / Foto: Hesíodo Góes/JC Imagem

Tumulto teria iniciado devido à lentidão na entrada das visitas

Foto: Hesíodo Góes/JC Imagem

Um dos detentos feridos durante tumulto no Complexo do Curado, Zona Oeste do Recife, morreu poucas horas depois de ser socorrido, na manhã deste sábado. A informação foi confirmada pela Secretaria de Ressocialização do Estado. A vítima havia sido socorrida e levada para o Hospital Otávio de Freitas, mas não resistiu aos ferimentos. Outros quatro detentos ficaram feridos na confusão. O tumulto teria iniciado devido ao atraso na entrada dos familiares dos presos para visita, que pode ser explicada pela operação padrão iniciada pelos agentes penitenciários. O preso indentificado como David Bezerra dos Santos, 20 anos, morreu ao dar entrada no hospital.

Em nota, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou, no fim da manhã, que o tumulto no Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, no Complexo Prisional do Curado, foi contido. Os feridos Alisson Avelino da Silva, 21 anos, e Diogo Santos de Lima, 20 anos, estão passando por cirurgia no Hospital Otávio de Freitas. Outros dois  feridos foram atendidos na enfermaria do presídio com ferimentos leves. A secretaria informa que será aberto um inquérito para apurar as circunstâncias da morte do reeducando.
O cenário de tensão vivenciado na semana passada com a rebelião, que durou três dias no Complexo do Curado e deixou três mortos - dentre os quais um sargento da PM - e mais de 70 feridos, levou o governo do Estado a decretar estado de emergência no sistema penitenciário. O governador Paulo Câmara assinou, na quarta-feira, decreto com medidas que incluem a intervenção no Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, que está com obras paradas e deve desafogar as penitenciárias do Grande Recife. O estado de emergência tem prazo de 180 dias, período em que atuará a Força Tarefa.
O decreto cria uma força-tarefa que envolve nove secretarias: Justiça e Direitos Humanos, Casa Civil, Fazenda, Planejamento e Gestão, Desenvolvimento Social, Controladoria Geral, Administração, Gabinete de Projetos Estratégicos e Procuradoria Geral do Estado.
Na sexta-feira (30), o esquadrão anti-bombas da Polícia Militar foi acionado para desativar uma possível bomba instalada dentro do presídio Frei Damião de Bozzano, uma das unidades do Complexo Prisional do Curado. Segundo a PM, bananas de dinamite foram colocadas na altura do Posto E e Posto R do complexo.
A crise no sistema penitenciário de Pernambuco se agravou no fim do ano passado, quando uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e foi descoberto um túnel que serviria para a fuga dos detentos. Já nos primeiros dias de janeiro, o então secretário de Ressocialização, Humberto Inojosa, renunciou após quatro meses e uma semana no cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM, Eden Vespaziano. Na ocasião da posse, o  secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou um pacote de medidas para melhorar a situação dos presídios de Pernambuco. A maior promessa foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais.

O sistema prisional do Estado é  proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Existem hoje cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil.

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