domingo, 1 de março de 2015

Mortes por chumbinho voltam a crescer em 

Pernambuco

chumbinho
O número de mortes associadas à ingestão de chumbinho voltou a crescer em Pernambuco neste ano. Em janeiro, mesmo com a redução pela metade no número de casos de contaminação em relação ao mesmo período de 2014, a quantidade de óbitos subiu de dois para quatro. Em fevereiro, pelo menos 13 pessoas já apresentaram sintomas depois do contato com o composto, considerado um dos mais tóxicos do mundo, e outras quatro morreram.
Embora tenha apresentado uma redução na quantidade de intoxicados entre 2013 e 2014, o estado registrou quase o mesmo quantitativo de mortes nos dois anos. No ano passado, foram 161 casos e 18 óbitos, um a menos do que o ano anterior, segundo estatísticas do Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox-PE).
O granulado de cor grafite é usado como agrotóxico para controle de pragas na produção agrícola, mas vendido clandestinamente em feiras livres e mercados públicos erroneamente como produto eficiente na contenção de infestações de roedores em residências – ele só mata um roedor, despertando atenção na colônia, que imediatamente foge para as residências próximas.
Apesar de proibido, o produto é facilmente encontrado no Recife. Em menos de cinco minutos e perguntando a apenas uma pessoa, a equipe de reportagem comprou um frasco, por R$ 5. O veneno foi entregue ao Ceatox.
Em Pernambuco, a maior parte das contaminações e mortes decorre de tentativas de suicídio.
“Ocorrem alterações no sistema nervoso, respiratório, na pressão, frequência cardíaca, uma desestabilização do corpo todo. Nos primeiros 30 minutos, se não houver tratamento, ele pode evoluir para óbito”, esclarece a coordenadora do Ceatox, Lucineide Porto.
Novas fórmulas driblam proibição
Até 2012, a substância mais encontrada nos vidros de chumbinho em Pernambuco era o agrotóxico aldicarbe, porém o produto foi banido do mercado. Por um lado, o rigor foi positivo, mas no estado outras substâncias estão sendo utilizadas para a fabricação do veneno. O carbofurano e o terbufós já foram identificadas.
“Essas misturas estão tornando o chumbinho muito mais perigoso, porque agem com mais rapidez e dificultam o tratamento, pois o antídoto de um não serve para o outro”, alerta o erente geral da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Jaime Brito.
Neste ano, o Ceatox irá refazer os teste laboratoriais com as amostras coletadas com parentes de vítimas do chumbinho para identificar as substâncias presentes na nova fórmula clandestina do veneno. O mesmo trabalho foi feito há três anos, antes da proibição do aldicarbe. “Estamos solicitando amostras às famílias”, disse Porto.
Saiba mais
30 minutos a 1 hora é o tempo médio de apresentação dos sintomas pós-ingestão
Sintomas
Náuseas
Vômito
Sudorese
Salivação excessiva
Borramento visual
Contração da pupila
Hipersecreção brônquica
Dor abdominal
Diarréia
Tremores
Taquicardia
Formas de intoxicação
Ingestão
Contato com pele
Respiração
O que fazer em casos de intoxicação
Deixar a pessoa em lugar seguro
Manter as vias aéreas livres
Cuidado para a pessoa não se machucar, devido a convulsões que podem aparecer
Levar o paciente para uma unidade de saúde
Números
Janeiro
2013 – 18 casos, com 3 mortes
2014 – 18 casos, com 2 mortes
2015 – 9 casos, com 4 mortes
Fevereiro
2013 – 17 casos, com 3 mortes
2014 – 16 casos, com 2 mortes
2015 (até 19/02) – 13 casos e 4 mortes
2013
204 casos /ano
19 mortes /ano
2014
161 casos /ano
18 mortes /ano
2015
22 casos e 8 mortes (até 19/02)
Dúvidas
0800 722 6001
Fonte: Anvisa e Ceatox-PE

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