sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Golpe do minério rendeu U$ 10 milhões a estelionatário em negócios até nos EUA e Costa Rica

Ostentação de suspeito era usada para enganar empresários


Divulgação/PC
Tantalita é uma das matérias-primas utilizada na fabricação de vidro e componentes de celular
Passeios de helicópteros, lanchas e carros de luxo. Ostentação que servia para impressionar os possíveis novos investidores num negócio de exportação de um minério chamado Tantalita. A Polícia Civil apresentou, ontem, divulgou a prisão de um estelionatário suspeito de integrar uma organização criminosa que praticava golpes milionários contra pessoas físicas e empresas, inclusive internacionais. Segundo as investigações, até o momento, os valores embolsados pela quadrilha já somam U$10 milhões de dólares. Amadeu Delanhy Bertho da Silva, 42 anos, que se intitulava nas redes sociais como “o rei do minério”, foi capturado ao sair de casa, em Olinda, no último dia 4 de setembro.

O Homem, procurado pela polícia e pelo Ministério Público de Alagoas, tinha a função de conquistar novas vítimas, oferecendo a venda do minério, que é utilizado na fabricação de vidro e componentes de celular e de produtos para instrumentos cirúrgicos. Pelo menos oito vítimas já representaram contra o grupo, que agia em diversos estados do Brasil e enganou empresas de países como Costa Rica e Estados Unidos. No golpe, os participantes não enviavam o produto, mesmo após adiantamento de pagamento, encaminhavam o minério com baixa qualidade ou mesmo de um tipo radiativo. O dinheiro era depositado numa conta na cidade de Miami (EUA).

“Como os golpes eram milionários, acreditamos que com a divulgação da prisão e do caso possam surgir novas vítimas”, destacou o delegado Mauro Cabral. Segundo o gestor do DPRF, o Amadeu negou participação nos crimes e disse que também foi envolvido nos golpes. Ele será encaminhado para Alagoas, onde o processo está em andamento. Segundo a PC, o líder da organização, o pernambucano Álvaro Vieira de Melo Cativo, foi preso em Alagoas em julho do ano passado. A quadrilha é acusada de estelionato, falsidade de documentos e exportação fraudulenta.

Vítimas
“Gabriela é uma estilista que mora em Milão e fazia vários investimentos no Brasil. Um amigo em comum apresentou Amadeu e a convenceu a investir R$400 mil numa sociedade na empresa de mineração. Depois de fazer o investimento, Amadeu simplesmente sumiu. Depois, quando reapareceu, apresentou o Álvaro, que iria dar retorno do investimento perdido. No momento em que estava firmando sociedade com Álvaro, em Maceió, ele foi pego em fragrante”, declarou a advogada Nandizia Barbosa, que representa dois clientes vítimas do grupo. De acordo com a defensora, nesse segundo momento, a estilista repassaria mais R$2 milhões.

Além do minério, a quadrilha também atuava em mais segmentos. Outro cliente de Nandizia Barbosa, Jeremias Apolinário Leite, entregou R$1 milhão por cotas na empresa de mineração, que funcionava de fachada na casa da mãe de Álvaro, no bairro de Areias, no Recife, e depois mais R$1,5 milhão na realização de um evento de música eletrônica King Festival, que ocorreu em 2013 na Capital pernambucana. “Após uma semana do evento, o Álvaro informou que não tinha dado lucro e que eles tinham perdido tudo que foi investido”, declarou a defensora.

Da empresa Coltan Internacional, da Costa Rica, os estelionatários arrecadaram U$2 milhões. Foram feitas quatro remessas do minério para a companhia, porém apenas o primeiro lote, de 300 kg, respeitava o parâmetro técnico e químico de qualidade. “Os últimos embarques, tudo feito pelo Aeroporto do Recife, tinham um alto teor de Urânio, o que torna o produto radiativo”, declarou a advogada da empresa, Adriana Falavigna. “Ele se apresentava como grande empresário do Recife e chegou a levar algumas pessoas da empresa de helicóptero e mostrar as minas num golpe altamente sofisticado”, reforçou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário