SURTO
Febre chikungunya já é epidêmica em cidade da Bahia
Até dia 14 de outubro, foram registrados no País 337 casos da infecção, dos quais 299 foram diagnosticados em pessoas que não fizeram viagem internacional para locais onde há registro de transmissão
A febre chikungunya já provoca epidemia no Brasil. Menos de um mês depois da confirmação do primeiro caso de transmissão em território nacional, a doença alcança níveis altos na cidade baiana de Feira de Santana, onde 274 casos foram confirmados. "Podemos afirmar que a cidade enfrenta epidemia", disse o diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. "Estamos bastante preocupados. A evolução dos surtos é bastante rápida, por causa das características da doença", completou.
O diretor atribuiu a velocidade da expansão da febre chikungunya a dois fatores: ao período de incubação, que vai de 2 a 12 dias, e ao fato de que, por ser uma doença nova no território brasileiro, toda população é suscetível.
Até dia 14 de outubro, foram registrados no País 337 casos da infecção, dos quais 299 foram diagnosticados em pessoas que não fizeram viagem internacional para locais onde há registro de transmissão - chamados de casos autóctones. A grande maioria está localizada na Bahia: além de Feira de Santana, 7 foram identificados em Riachão do Jacuípe. Outros 17 foram identificados no Oiapopque (AP) e 1 na cidade mineira de Matozinhos. A diferença para o boletim anterior, do dia 4, é de 88 casos. "Não há dúvida de que foi um aumento expressivo."
Desde a semana passada, foi recomendada a adoção do critério clínico para a confirmação de chikungunya em cidades onde já é constatada a transmissão autóctone da doença. "Isso traz mais agilidade", afirmou Maierovitch. A preocupação, disse, é evitar uma confusão no diagnóstico entre chikungunya e dengue. "É um risco. As duas têm muitas semelhanças, mas a dengue exige cuidados específicos que, se não adotados, podem levar à morte", lembrou o diretor.
O Ministério da Saúde está preparando cartilhas para orientar médicos a fazer a diferenciação por meio das manifestações clínicas. "Pacientes com febre chikungunya queixam-se sobretudo de problemas nas articulações. Em alguns casos, a dor é tamanha que pessoas têm dificuldade para ficar em pé ou desempenhar as tarefas diárias", disse o diretor. No caso da dengue, os sintomas mais comuns são dores no corpo e dores de cabeça.
Dengue e febre chikungunya são transmitidas pelos mesmos mosquitos: Aedes aegypti e Aedes albopictus. Embora tenham semelhanças, a Chikungunya não apresenta a forma hemorrágica. Justamente por isso, a letalidade da doença é baixa.
Uma das maiores preocupações das autoridades sanitárias é o tratamento das complicações da doença. Em alguns casos, pacientes têm problemas crônicos nas articulações, que somente são superados com tratamento de fisioterapia. Na semana passada, o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, afirmou que já havia sido recomendado para secretarias locais o reforço na oferta desse tipo de tratamento nos serviços públicos de saúde.
O vírus que causa a febre chikungunya já foi identificado em países da África, Ásia e, a partir de 2013, no Caribe. No Brasil a doença chegou em 2014 - mas todos os casos eram de pessoas que contraíram a doença em outros países e manifestaram os sintomas quando chegaram ao País, chamados casos importados.
Os principais sintomas são febre acima de 39 graus, de início repentino, dores intensas nas articulações dos pés e das mãos. A doença é transmitida apenas pela picada do mosquito infectado - não há evidências de que o vírus seja transmitido durante a gravidez ou entre pessoas. Quem tem a doença uma vez, fica imune. Ao contrário do que ocorre com o vírus da dengue, que apresenta quatro subtipos, chikungunya é provocada apenas por um tipo do vírus. Não há tratamento específico para a doença. A terapia ofertada é para combater os sintomas de febre e dores nas articulações. Assim como no caso da dengue, não é recomendado usar ácido acetilsalicílico. O paciente deve beber muito líquido e fazer repouso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário