quinta-feira, 26 de novembro de 2015

SAÚDE

Exames comprovam relação de zika com síndrome de Guillain-Barré

Testes feitos em seis pacientes com manifestações neurológicas indicam infecção pelo vírus


Mosquito Aedes aegypti transmite dengue, chicungunha e zika / Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem

Mosquito Aedes aegypti transmite dengue, chicungunha e zika

Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem


Depois que a ligação entre a zika e microcefalia passou a ser altamente provável pelas autoridades de saúde pública, vários especialistas começaram a dar mais ênfase para o fato de o vírus ter uma predileção por atacar o sistema nervoso central. Na tarde desta quarta-feira (25), a médica Maria Lúcia Brito Ferreira, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital da Restauração (HR), confirmou que resultados de exames feitos em seis pacientes com manifestações neurológicas indicam infecção pelo vírus da zika.
Quatro deles, segundo a médica, apresentaram a síndrome de Guillain-Barré, uma condição neurológica rara e autoimune que provoca quadro progressivo de paralisia em membros do corpo e fraqueza muscular. Os outros dois apresentaram encefalomielite aguda disseminada – uma doença inflamatória do sistema nervoso central que pode ocorrer após um quadro de infecção. 
“Os pacientes investigados tiveram confirmação do vírus da zika pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fiocruz. Foi feito um estudo do líquor e do sangue de 69 pacientes do HR com síndromes neurológicas. Até agora, tivemos esse resultado da presença do vírus em seis deles, o que comprova infecção viral prévia”, esclarece Maria Lúcia. Ela explica que os pacientes relataram, antes da manifestação dos quadros neurológicos, manchas vermelhas na pele, febre, cefaleia e dor articular. “São sinais que fazem a gente pensar na possibilidade de infecção viral. É bem provável que boa parte dos demais exames dos pacientes indique infecção pelo vírus da zika, já que muitos deles apresentaram quadro clínico semelhante.”
A neurologista acrescenta que decidiu fazer a investigação porque percebeu, de dezembro do ano passado a junho deste ano, um aumento incomum de pacientes com quadros neurológicos. “Muitos relataram que pessoas da família manifestaram um quadro viral semelhante, mas não chegaram a desenvolver manifestações neurológicas. Esse é um ponto que precisamos investigar, pois aqueles que apresentam síndromes depois de uma infecção viral podem ter um sistema imunológico mais vulnerável”, reforça Maria Lúcia. 
O Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, identificou, em Pernambuco, 127 casos suspeitos da síndrome de Guillain-Barré este ano. Desse total, 46 casos foram confirmados. A associação entre Guillain-Barré e a possibilidade de infecção viral prévia foi observada em 22 casos suspeitos. Parte dos pacientes apresentou manchas vermelhas na pele, dor nas articulações, febre, cefaleia, prurido e dor muscular. Houve confirmação de zika vírus pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, unidade da Fiocruz em Pernambuco, em um dos pacientes investigados. 

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