terça-feira, 17 de novembro de 2015

SAÚDE

AACD e Estado avaliam parceria para agilizar atendimento a bebês com microcefalia

Assunto vem sendo discutido pela instituição com a Secretaria Estadual de Saúde. A AACD é referência para reabilitação motora


Da Editoria Cidades

A entidade fica na Ilha do Leite, no Recife, e já faz mais de 11 mil atendimentos por mês, clínicos e de terapia / Foto: Guga Matos/JC Imagem

A entidade fica na Ilha do Leite, no Recife, e já faz mais de 11 mil atendimentos por mês, clínicos e de terapia

Foto: Guga Matos/JC Imagem

A Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) está discutindo com a Secretaria de Saúde de Pernambuco formas de agilizar o atendimento dos bebês que nasceram com microcefalia e que serão encaminhados para a entidade, localizada na Ilha do Leite, bairro da área central do Recife. Em quatro meses, de agosto a novembro de 2015, o Estado registrou 141 casos de microcefalia em recém-nascidos.

“Não temos como absorver todos de uma vez, nenhuma instituição teria essa capacidade. Trata-se de uma situação atípica porque o número de casos é muito grande e há um limite de capacidade”, observa a neuropediatra da AACDBianca Madeiro. Segundo ela, as crianças com indicação de tratamento na entidade terão de entrar numa fila de triagem (como se faz com todos os pacientes da instituição) e esperar a primeira consulta.
Por mês, a AACD realiza uma média de 2.208 atendimentos clínicos e 9.505 terapêuticos. “Essa é a demanda normal da instituição, pela quantidade de terapeutas”, diz Bianca. Os profissionais, diz ela, já têm pacientes antigos agendados, por isso a chegada de um grande número de casos, ao mesmo tempo, precisa ser discutida com a Secretaria Estadual de Saúde.
Bianca Madeiro esclarece que a criança não será encaminhada à AACD apenas por ter microcefalia. Isso vai depender do tipo de terapia que o paciente precisará. “Como são muito novinhos, os bebês necessitam, inicialmente, de acompanhamento. À medida que vão crescendo, as sequelas aparecem”, declara. Quando predomina a deficiência motora, a reabilitação pode ser feita na AACD, com terapia semanal ou recebendo orientação de um terapeuta.
Mas a criança com microcefalia também pode desenvolver deficiências cognitivas, visuais e auditivas. A referência para problemas auditivos é o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). A Fundação Altino Ventura atende os casos de deficiências visuais. E a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é a indicada para os problemas cognitivos, diz a neuropediatra.
CONSULTA
Um bebê de dois meses de vida, nascido no Grande Recife, com o diagnóstico de microcefalia (o tamanho da cabeça pequeno para a idade), ainda não passa por terapias. Ele nasceu em 11 de setembro, ficou 40 dias internado e recebeu alta médica com a indicação de ser acompanhado por neuropediatra e fisioterapeuta, diz a mãe do menino, uma mulher de 30 anos.
Nesta segunda-feira (16), ele fez a primeira consulta no Hospital UniversitárioOswaldo Cruz, o serviço de referência em infectologia do Estado, na área central do Recife. A mãe disse que teve uma gravidez tranquila e só descobriu a anomalia após o nascimento da criança. “Tive manchas no corpo no sexto mês de gestação, por três dias, fui ao médico e disseram que provavelmente seria alergia.”
De acordo com a mãe, ele foi o quinto bebê que nasceu com microcefalia no Hospital Vasco Lucena, em Jaboatão dos Guararapes, na semana de 11 de setembro. “Levei um baque quando soube, mas ele é meu filho, acima de qualquer coisa. Para mim, o amor é ainda maior. Tenho uma filha de 8 anos e a diferença é apenas uma: ela é menina, ele é menino”, diz.

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