RECIFE
Estudante de 15 anos junta dinheiro por dois anos e compra um Fusca
Gabriel guardou a mesada, dinheiro do lanche do colégio e realizou o sonho de ter um Volkswagen. Agora é esperar fazer 18 anos para aprender a dirigir e poder rodar com o carro
Muitos garotos que são fissurados em automóveis sonham com o dia em que poderão ter o seu próprio carro. Gabriel Victor Cordeiro, 15 anos, não sonha mais. Ele já tem. E não foi nenhum presente. Gabriel comprou o veículo que desejava, um Fusca, com o dinheiro que ele mesmo guardou, pacientemente, em um cofrinho. Foram dois anos de economia. Neste período, juntou cada moeda que recebia. Para acelerar o processo, chegou a trabalhar como auxiliar do avô, numa pequena lojinha de xérox. “Recebia R$ 15 por semana e guardava tudo”, conta o garoto, orgulhoso da própria façanha. Na verdade ele juntava o “salário”, a mesada e até parte do dinheiro do lanche da escola. Gabriel conta que chegou a pedir a familiares e amigos que, ao invés de presentes no dia do aniversário e Natal, ele preferia uma doação em dinheiro.
A decisão de comprar um Fusca surgiu quando Gabriel ainda brincava de carrinho. “Muita gente na minha família teve Fusca e eu cresci brincando dentro deles”, explica o garoto. Mas foi aos 13 anos que ele decidiu botar na cabeça que queria ter um igual ao do avô dele. Na verdade, o avô Elimar Rocha foi o grande catalisador de toda essa história. Era no Fusca laranja, 1976, dele que Gabriel passava horas se divertindo. Enquanto juntava os trocados, Gabriel Victor foi se especializando no assunto. Lia revistas e pesquisava na internet tudo relacionado com Fuscas e outros modelos Volkswagen refrigerados a ar. Acabou virando um entendido no assunto.
O menino sabia exatamente o que queria. Deveria ser um modelo 1300 L, da década de 70. Segundo ele, o mais bonito feito pela Volks. Ele ficou sabendo de um senhor que tinha um Fusca e que estava vendendo barato porque queria se desfazer do carro. Não perdeu tempo. Procurou o tal senhor, mas foi uma decepção porque o Fusca em questão era um modelo “Fafá”, da década de 80. “Justamente o que eu acho mais sem graça”, relembra Gabriel. Porém, bastou dar uma olhada melhor no veículo e o jovem especialista percebeu que o Fusca não tinha o bocal de abastecimento do tanque do lado externo, próximo ao para-lama dianteiro. “Todo Fusca antes de 1978 tem o bocal do tanque dentro do porta-malas”, ensina. Tratava-se, portanto, de um modelo 1976 modificado para parecer 1984. Com a autoridade de menino sonhador, negociou a compra. O vendedor pedia R$ 4 mil no carro. Gabriel só havia juntado R$ 3 mil. Nada feito. Foi uma sexta-feira triste, ele relembra. No domingo seguinte, Gabriel recebeu um telefonema. Era o dono do Fusca querendo fechar negócio pelos R$ 3 mil mesmo. O sonho tinha virado realidade. Gabriel comprou seu Fusca em 2 de setembro deste ano. “Por coincidência, Dia Nacional da Kombi, outro carro que eu gosto muito”, diz Gabriel sem perder a chance de mostrar sapiência.
Hoje, o garoto continua juntando dinheiro. Agora para ir comprando peças e acessórios para seu possante. E engana-se quem pensa que suspensões rebaixadas e pinturas berrantes enchem os olhos do menino. Para ele, quanto mais original melhor. Vai trocar o painel do Fusca - que é todo modificado - por um original da época. Os aros dos faróis também voltaram a ser cromados, pois o antigo dono havia pintado de branco. O jovem estuda ainda a possibilidade de devolver as lanternas e os para-lamas traseiros de um modelo 1976, ano real de fabricação de seu carro.
Claro, Gabriel não tem idade para tirar a carteira de habilitação. O carro está no nome do pai dele, Evandro Cordeiro, mas existe um compromisso de passá-lo para o nome do Gabriel assim que o garoto completar 18 anos. Afinal, o sonho e o Fusca são dele.
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