SAÚDE
Pediatras da UPA da Imbiribeira entregam cargos
Eles alegam falta de condições de trabalho. Para reduzir o prejuízo à população vão cumprir os 30 dias de aviso prévio
Mariana Mesquita
mmesquita@jc.com.br
O presidente do Simepe alerta que o mesmo tipo de problema está acontecendo na UPA da Caxangá
Foto: divulgação
Por falta de condições de trabalho, 13 dos 15 pediatras que atuam na UPA da Imbiribeira vão entregar suas cartas de demissão à direção da unidade de saúde. O ato coletivo acontece na manhã desta segunda (9). De acordo com o diretor do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Walber Steffano, a decisão foi tomada após várias tentativas de negociar com o Instituto Pernambucano de Assistência e Saúde (IPAS), organização social que administra a UPA e é subsidiada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Para não prejudicar a população, os médicos vão cumprir os 30 dias de aviso prévio e, paralelamente, prestar queixas junto ao Conselho Regional de Medicina (Cremepe), ao Ministério Público de Pernambuco e à Delegacia Regional do Trabalho.
“Os pediatras não estão pedindo aumento salarial, nem agindo em proveito próprio. Eles querem simplesmente manter o atendimento mínimo necessário. Hoje, as crianças não podem mais adoecer”, explica Steffano. Por conta da contenção de verbas praticada pelo governo estadual, a quantidade de pediatras na UPA da Imbiribeira foi reduzida à metade no último mês de setembro. Steffano afirma que a unidade atualmente funciona com apenas um pediatra de dia e outro, à noite, o que seria insuficiente já que é referência na região.
“Fizemos um levantamento e a média de atendimento tem sido de 89 pacientes a cada 12 horas, o que vai de encontro à resolução do Conselho Regional de Medicina, que diz que o número máximo de atendimentos em emergência deve ser de 36 pacientes por turno. Não há a menor condição de atendimento. Os pacientes que chegam em estado grave precisam ser acompanhados e quando isso acontece, o plantão fica sem pediatra. E para cumprir o direito de descanso previsto por lei, a direção mandou um ofício orientando os médicos a deixar os pacientes com menor risco aguardando. Estão recomendando a desassistência à população”, acusa.
O presidente do Simepe alerta que o mesmo tipo de problema está acontecendo na UPA da Caxangá, onde tentaram reduzir o número de clínicos gerais, na UPA do Cabo, que fechou completamente o setor de pediatria, no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) de Peixinhos, que desativou o atendimento noturno, e no Hospital Maria Lucinda, que fechou a emergência pediátrica noturna. Enquanto isso, hospitais como o Barão de Lucena, Helena Moura e Imip estão sobrecarregados.
Em nota divulgada no último dia 06, o IPAS admitiu que a crise econômica vivida pelo Estado atingiu a instituição e que “o serviço prestado vem sendo prejudicado pelos atrasos nos repasses de recursos e pela defasagem financeira acumulada desde 2014”, comprometendo o funcionamento da unidade. Já a Secretaria Estadual de Saúde, também por meio de nota, informou que “vai tomar providências para evitar o prejuízo dos usuários” e que “vem mantendo permanente diálogo com a direção da UPA da Imbiribeira no sentido de readequar a escala de plantões sem comprometer o atendimento na unidade”. A SES afirma, ainda, que “a readequação foi feita depois de um rigoroso estudo de demanda” e que “o número médio de atendimentos em pediatria na UPA da Imbiribeira está abaixo das recomendações do Cremepe”.
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