sexta-feira, 1 de maio de 2015

INDÚSTRIA

Diante de racionamento de água, polo de confecções do Agreste teme colapso

Nova tabela que começa a ser adotada nesta sexta-feira deixa cidades como Santa Cruz do Capibaribe 28 dias sem água


Da editoria de Economia

Indústria precisa enviar suas peças às cerca de 250 lavanderias do polo ainda durante o processo produtivo / Foto: Alexandre Severo/ Arquivo JC Imagem

Indústria precisa enviar suas peças às cerca de 250 lavanderias do polo ainda durante o processo produtivo

Foto: Alexandre Severo/ Arquivo JC Imagem

Para cada dois dias de abastecimento, outros 28 sem água. Essa é a realidade que começa a vigorar nesta sexta-feira (1º) em Santa Cruz do Capibaribe, principal cidade do Polo de Confecções Têxteis de Pernambuco. O município está na lista de 15 cidades do Agreste do Estado que começam a passar por um regime especial de abastecimento. Além de Santa Cruz, mais cinco municípios do polo vão ser afetados pela falta de água. O racionamento preocupa muito os produtores, que temem o colapso da indústria na região.

O cronograma diferenciado de fornecimento de água foi divulgado na semana passada pela Companhia Pernambucana de Abastecimento e Saneamento (Compesa). A ideia é poupar a Barragem de Jucazinho, localizada na cidade de Surubim, que se encontra com cerca de 8% da capacidade represamento total, que é de 300 milhões de metros cúbicos. Em fevereiro do ano passado esse percentual era de 30%.
Além de Santa Cruz, Caruaru, Toritama, Vertentes, Surubim e Riacho das Almas terão que seguir um calendário próprio de abastecimento. Em Caruaru, por exemplo, 40% da cidade vai ficar três dias com água para cada quatro sem e, em 60%, serão quatro dias com água para cada três sem. Em Toritama serão até 12 dias sem água para cada dois com.
“O racionamento das cidades já vinha acontecendo e os empresários começaram a procurar alternativas para superar o problema. Mas esse anúncio nos preocupa e muito, porque inclui cidades que até então não eram tão afetadas, como Caruaru. É preciso haver um planejamento de longo prazo, já que esse é um problema cíclico. Ou a gente se prepara, ou não vai mais ter indústria aqui”, diz Edilson Tavares, presidente do Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco.
A solução que vem sendo adotada pelas empresas consiste basicamente em comprar carros-pipa próprios para buscar água. Essa alternativa, no entanto, vem se tornando cada vez mais cara. “Cada vez os reservatórios estão mais distantes e fica mais oneroso por conta do custo do combustível”, reclama Arnaldo Xavier, dono da Rota do Mar, maior empresa de Santa Cruz. Mesmo só enviando 15% dos seus produtos para a lavanderia, a empresa precisa de um caminhão de 72 mil litros de água por dia para as manutenção da fábrica e fornecimento para os funcionários.
A água é essencial para a confecção, já que muitos produtos – como o jeans – precisam necessariamente ser encaminhados às lavanderias durante o processo produtivo, antes mesmo de receberem o acabamento. Em todo o polo, são cerca de 250 empresas que atuam apenas como lavanderias. 
“Uma solução que estamos avaliando é que a indústria reutilize a água usada nas residências. Em Toritama, por exemplo, vimos que a água que abastece as casas é suficiente para atender as lavanderias. Estamos estudando exemplos em São Paulo e na Bahia onde isso vem dando certo. Se tudo continuar como está, vamos chegar ao colapso”, conclui Edilson Tavares.

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