sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Com mais de 300 anos de história, obelisco encontra-se deteriorado no Recife

Burocracia impede que pedido de tombamento do monumento seja efetivado

15/11/2013  - Wellington Silva, da Folha de Pernambuco
Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco
Instalada no Porto, Cruz do Patrão é citada em documento de 1759
Um importante monumento histórico da Capital pernambucana que tem, no mínimo, três séculos, está ameaçado. Situada às margens do rio Beberibe, com cerca de sete metros de altura, a Cruz do Patrão está tomada pelo abandono. Aos poucos, as lembranças inerentes à construção arquitetônica são cobertas pelo mato. Localizada em um terreno da União cedido ao Porto do Recife, ela possui um grande potencial turístico, por permitir uma vista privilegiada de parte da cidade. No entanto, são poucos os que conhecem o obelisco e sua história.
Segundo o historiador Leonardo Dantas Silva, estudos comprovam que, no passado, a Cruz foi responsável pelo sistema de balizamento da entrada do ancoradouro interno do nosso porto. A coluna emalvenaria é documentada por velhas gravuras emapas desde o século 18. Pesquisas do estudioso dão conta que a cruz de madeira apareceu pela primeira vez em um mapa de 1618. No entanto, ela ressurgiu emuma planta elaborada pelo padre José Caetano, em 1759, denominada "Prospecto da Vila do Recife, vista pelo lado fronteiro à Cidade de Olinda".
"É o monumento mais antigo do bairro do Recife, importante para contar a história da cidade", ressaltou Leonardo Dantas. Ele foi o responsável por dar entrada, em 2011, com o pedido de tombamento da construção. Segundo a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o exame técnico da solicitação já foi analisado, mas o processo de tombamento aguarda as respostas das notificações feitas às partes envolvidas, entre elas, o Porto. Ainda assim, não há uma previsão para finalização.
Há cerca de 15 dias, o grupo "Recife de antigamente: histórias e memórias" se mobiliza para chamar a atenção do poder público e da sociedade civil sobre a situação do monumento. Esta semana, seis integrantes estiveram no local. Um deles, a psicóloga e escritora Rosa Bezerra, contou que a intenção é evitar que aconteça à cruz algo semelhante ao que ocorreu como edifício Caiçara, em Boa Viagem. "Estamos planejando um ato, em conjunto com representantes do Candomblé e movimentos negros, para dar destaque à questão", informou.
Há alguns anos, para ter acesso à Cruz do Patrão, pela rua Doutor Afrânio Peixoto, era preciso ter a permissão da Administração do Porto. Atualmente, apesar da liberação, poucos conhecem o acesso. Algumas lendas rondam a sua construção, que não tem data definida. Ela já chegou a ser considerada como um dos pontos mais assombrado da Capital.
folha pe

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