sábado, 23 de novembro de 2013

BOLSO »Erros financeiros antes dos 30Inexperiência e ansiedade afetam orçamento de jovens que estão aprendendo a lidar com o próprio dinheiro

Publicação: 23/11/2013

Palloma Alecrim elegeu o planejamento financeiro como meta de 2014. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press (Bruna Monteiro/DP/D.A Press)
Palloma Alecrim elegeu o planejamento financeiro como meta de 2014. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press
Comprar um carro ou investir em um curso para enriquecer o currículo? Torrar as economias em uma viagem ou aplicá-las em um fundo de investimento? A inexperiência e ansiedade também afetam as finanças pessoais antes dos 30 anos, idade em que você busca se estabilizar e sair da casa dos pais. Poupar de menos e viver demais às vezes traz consequências pesadas ao bolso. O contrário, à própria satisfação pessoal. 

O cenário mudou um pouco e hoje muitos jovens desta faixa etária sonham, por exemplo, em juntar o seu primeiro milhão de reais. Nem sempre dá certo. Mas quais seriam os principais motivos que levam aos erros quando o assunto é dinheiro antes dos 30 anos? Para os especialistas, seis situações resumem o conjunto de falhas, mas todas passam pela falta de informação e planejamento. O segredo para se dar bem é ter foco. 

Planejamento, aliás, é o que a enfermeira Palloma Alecrim, 27, traçou a partir de 2014 para melhorar as finanças pessoais. De malas prontas para o estado de Roraima, onde tem proposta de emprego com salário acima dos R$ 5 mil, ela confessa que já tentou manter as contas em dia, mas nunca conseguiu. A inxeperiência da idade, segundo ela, pesou: gastos excessivos nas baladas e falta de informação deixaram o bolso em alerta. 

“Tenho um caderno com as contas, mas nunca ficou atualizado. A falta de educação financeira ajuda no desequilíbrio das finanças”, reconhece Palloma. A ausência de informação, inclusive, vem desde cedo. “Isso está presente na cultura brasileira, nas escolas não existe matéria de educação financeira. O jovem aprende a gastar e somente na necessidade aprende a poupar”, atesta Luciano Aklino, agente autônomo de investimentos e sócio-diretor da Um Investimentos. 

Outra causa para o aperto nas contas é comprometer a renda com financiamentos sem flexibilidade no orçamento. Comprar um carro ou um imóvel, por exemplo, e comprometer mais de 30% dos rendimentos, não é uma boa saída, na análise dos especialistas. Para Luiz Kurati, analista de valores mobiliários e tambem sócio-diretor da Um Investimentos, calcular as despesas e ganhos é uma arma para não ter problemas. 

“Os brasileiros têm o hábito de não procurar as melhoras taxas de juros do mercado e isso acaba dificultando o cumprimento dos compromissos financeiros”, explica Kurati. Quando o assunto é decidir por uma aplicação financeira, outro item que atrapalha as finanças desse público, cuja a regra é simples: não ache que encontrar a melhor opção de investimento é o único caminho para ter mais dinheiro. 

Uma das causas para o aperto nas contas é comprometer a renda sem flexibilidade no orçamento. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press
 (Bruna Monteiro/D.A.Press)
Uma das causas para o aperto nas contas é comprometer a renda sem flexibilidade no orçamento. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press
A opinião de Aklino é que os jovens devem, primeiro, equilibrar as contas e depois fazer da poupança de uma quantia mensal um hábito. Aliado a isso, vale muito estudar o mercado financeiro e conhecer as opções de aplicações. Ganhando dinheiro no mercado de ações, geralmente você tende a elevar o padrão de vida, não? Mas, é necessário? 

“O importante é o quanto sobra, o poder de poupança. Em vez de elevar o padrão de vida sem necessidade, uma boa dica é investir em um plano de aposentadoria”, sugere Kurati. Traduzindo, se você pretende se tornar uma versão do Rei do Camarote, é bom calcular antes se tem bala na agulha para tal. 

Milhão e ganhos fáceis

Fechando o ciclo das seis principais razões que atrasam a vida financeira dos jovens antes dos 30 anos, os analistas econômicos chegam a duas causas que estão na moda. A primeira delas: ter o primeiro milhão de reais (ou dólares, se você preferir) na conta bancária antes dos 30. Na verdade, este desejo não é necessariamente um problema. Mas, se você é um desses jovens, qual o seu motivo para isso? 

“O poder de investimento dos candidatos, ou seja, o quanto ele pretende poupar ou investir, é o que decide se ele vai ter esta quantia antes dos 30 anos”, completa Aklino. Kurati, no entanto, alerta os pretendentes. “A vida social limitada é outro obstáculo”. Entenda-se, neste caso, que o dinheiro não deve ser um fim e sim o meio. Além disso, a vida não se resume a poupar, poupar, poupar…

Por último, vem a teimosia em acreditar nas promessas de dinheiro fácil. Tipo pirâmide finaceira. Imagine obter um retorno de 300% ao ano em pouco tempo e com pouco esforço. Lembre-se, até os grandes investidores lutam para conseguir crescer 10%, 20% ao ano. “Dinheiro fácil e rápido só na Mega-Sena, sorte de poucos”, completa Luiz Kurati. E você, se não tiver planejamento, corre o risco de perder tudo num piscar de olhos.
fonte diario pe

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