terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Noar »Famílias pedem auxílio psicológico

Publicação: 28/01/2014 diario pe

Parentes de passageiros mortos na queda da aeronave, em julho de 2011, ainda sofrem de traumas por causa das perdas. Foto: Taciana Guerra/ Divulgação
Parentes de passageiros mortos na queda da aeronave, em julho de 2011, ainda sofrem de traumas por causa das perdas. Foto: Taciana Guerra/ Divulgação

Parentes de vítimas do acidente do voo 4896 da Noar Linhas Aéreas, ocorrido em 13 de julho de 2011, estão sem tratamento psicológico desde setembro do ano passado, quando foi encerrado o contrato custeado pela empresa com a Clínica do Luto. Apenas as famílias que chegaram a um acordo com a Noar estão com o tratamento previsto, o que, segundo a empresa, representa 85% do total. Os membros da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo Noar 4896 afirmaram, ontem, que as condições acertadas no início previam atendimento por tempo indeterminado e nos novos acordos o período passou a ser estipulado.

A dentista Taciana Guerra, que perdeu o filho Raul Farias, na época com 24 anos, disse que sente necessidade da terapia ainda hoje. “Em dois anos, produzi dois livros sobre o assunto e isso me serviu de alento. Mas hoje, com o término das obras, sinto falta de continuar verbalizando sobre o que aconteceu”, desabafou. O sentimento de Márcia de Oliveira, cuja irmã Maria da Conceição Oliveira também morreu na tragédia, é semelhante. “Um ano e três meses depois da morte dela, comecei a apresentar sintomas de depressão. Se você não verbaliza a dor, como ela será tratada?”, questionou.

Interrupção precoce
Para a psicanalista Andréa Botelho, que chegou a atender esses familiares na Clínica do Luto, a continuidade do tratamento é essencial. “O veículo de cura é a palavra. A parada no atendimento pode trazer de volta os sintomas ocasionados pela perda e tornar a situação mais difícil de curar”, explicou.

O tempo de duração do tratamento também foi questionado pela psicóloga Conceição Pereira, que está preparando uma tese de doutorado na Universidade Federal de Pernambuco sobre o impacto sofrido na saúde dos familiares das vítimas do voo 4896. “Em muitos casos, os problemas somente se apresentam anos depois do estresse agudo sofrido”, explicou. Entre os sintomas, ela destaca ansiedade, falta de sono, distúrbios alimentares, depressão e síndrome de pânico.

Em nota, a companhia Noar informou que ofereceu propostas de acordo aos familiares de todas as vítimas, que foram aceitas por 85% delas e que “o tratamento psicológico está contemplado nas propostas de acordo”.

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