PROTESTO

Comunidade protesta por causa de desaparecimento de jovem

Aleff dos Santos Pereira está desaparecido desde sábado

Da editoria de Cidades

Iraci e Alexander dos Santos, família de Aleff dos Santos.

Foto: Guga Matos/JC Imagem

“Meu filho não é o primeiro negro, pobre sendo morto por pessoas que se dizem policiais aqui na região” gritou Iraci Maria dos Santos, que acredita na morte do filho, Aleff dos Santos Pereira,17, desaparecido desde o último sábado (22) em Vila dos Milagres, no Ibura, na Zona Sul do Recife.

Aleff teria sido visto pela última vez por volta das 14h, ao ir visitar uma amiga que mora na comunidade. Segundo testemunhas que preferiram não se identificar, ele foi abordado por quatro homens com distintivos da Polícia Civil no peito. Os supostos policiais, que estavam em dois carros sem placas, um Sandero prata e um carro vermelho não identificado, teriam algemado o rapaz e arrombado a casa da amiga que ele teria ido visitar. Mas não tinha ninguém no local. Com medo dos supostos policiais armados, a comunidade não pôde ajudar o jovem. A testemunha afirmou ter ouvido um dos homens dizer “caminha pra tua morte, anda”, enquanto chutava a cabeça de Aleff.

Desde a última segunda-feira (24), moradores da Vila dos Milagres fizeram protestos na BR-101, para pedir uma posição da polícia em relação ao desaparecimento do jovem. De acordo com manifestantes, foi feito um registro policial, mas nenhuma atitude foi tomada.

Nesta terça (25), os moradores voltaram às ruas para protestar na BR-101, na frente da Vila dos Milagres, onde tocaram fogo em um ônibus da empresa Vera Cruz da linha UR11/ Barro. De acordo com informações do Comandante de policiamento da área dos milagres o Capitão Clécio Lins, o ônibus teria sido interceptado por pelo menos 30 indivíduos com cabeça coberta, com pedras e madeira nas mãos depredando o veículo, antes de atear fogo. Nenhuma testemunha teria visto o rosto dos vândalos, sendo assim, não poderiam identificá-los.

O irmão de Aleff dos Santos, o Alexander dos Santos Pereira, 19,contou que desde sábado a família vive dias de angústia, sem comer e sem dormir procurando pelo jovem. “Nós queremos ele de volta, independente da situação que estiver. Se estiver morto queremos poder enterrá-lo como uma pessoa normal” afirma Alexander. 

Na tarde dessa terça, cerca de 150 moradores da comunidade foram às matas ao redor para procurar pelo adolescente, sem ajuda da polícia que estava no local.