sábado, 21 de setembro de 2013

Secretaria de Saúde investiga recusa de atendimento no Otávio de Freitas

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De todas as formas, ela tentou. Hospitais, tratamentos, remédios, internações, no limite, acorrentou o próprio filho à cama. Para preservá-lo. Para se preservar. Na tarde de ontem, em outra crise do adolescente de 14 anos com transtornos mentais, chamou a polícia. O comportamento agressivo foi contido no Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, onde o retardo foi reafirmado e o encaminhamento para internação no Hospital Geral Otávio de Freitas foi feito. Um quase alívio para a mãe de 40 anos. Quase. Ao chegar no Otávio de Freitas, o diretor Antônio Barreto comunicou que não havia vagas. Informação contrariada pelo técnico de enfermagem Tony Melo, que conduziu o garoto, constatou a existência de oito leitos livres e procurou a imprensa, ainda com o paciente na ambulância, para realizar a denúncia.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, somente adultos com transtornos psiquiátricos podem ser hospitalizados no Ulysses Pernambucano. Crianças e adolescentes são encaminhados ao Otávio de Freitas. A medida é preventiva, mas aumentou o drama da família dos Torrões, no Recife. Sem ter para onde ir, mãe e filho voltaram ao Ulysses Pernambucano, onde o menino passou por outra avaliação médica para conter os surtos.
Através da assessoria de imprensa, a Secretaria de Saúde adiantou que vai apurar os fatos para saber o porquê dele não ter sido internado. Garantiu que, se ainda houver necessidade, ele vai para uma unidade de saúde com vagas. Também esclareceu que, se houve desmando ou procedimento equivocado no caso, haverá punição.
O pai do adolescente, um desempregado de 36 anos, não sabe mais como conter o filho. “Ele já bateu em mim, no meu marido. Pegou até faca”, lembrou a mãe. Nesta semana, a agressividade chegou ao limite. “Em maio, ele passou 13 dias internado. Saiu. Estava estudando, fazendo o terceiro ano já. Agora não quer saber da escola. Ele é assim. Fica bem, mas daqui a pouco se irrita e quebra tudo”.
A família mora na Avenida Abdias de Carvalho, mas terá que se mudar. “É impossível ficar. O povo fica chamando ele de doido. Ele não gosta. Fica bravo. E os maconheiros todos ficam perturbando. Tenho medo pelo meu filho”, desabafou a mãe. O garoto frequenta o Caps de Afogados duas vezes por semana, “mas não adianta muito”, conta a mãe,”não tem nem psicóloga”.
Tony Melo é funcionário do Ulysses Pernambucano e, abismado com o caso, fez a denúncia ao sair do Otávio de Freitas. “O psiquiatra fez o encaminhamento porque disseram que havia vaga. Chegamos lá e o diretor falou, por telefone, que não poderia fazer nada. Sequer quiseram assinar o protocolo de atendimento”, detalhou.
Enquanto isso, “não dá mais para voltar para casa e esperar por outra crise. Só quero que ele fique bem. A internação é o que pode salvar a gente”, confidenciou esperançosa a mãe. Ela, que durante a entrevista, teve que se proteger de outro surto violento do filho.
Do Diario de e Pe
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