Embora a campanha política esteja prestes a terminar, o humor ainda prevalece na tevê e na rádio nesta reta final. Candidatos à Assembléia Legislativa e à Câmara Federal usam e abusam de jingles engraçados, trocadilhos, rimas e frases de efeito quando aparecem pedindo voto, numa estratégia clara de usar recursos que busquem conquistar o eleitor pela gargalhada.Dengue, Jesus, ex-BBB, Zé da Rima e até candidatos que se apresentam ao eleitor como um jogador de futebol escalado para uma partida a ser televisionada são algumas pérolas que aparecem no guia pernambucano. As inserções humorísticas vêm se tornado cada vez mais comuns nas propagandas eleitorais. Antes visto nas campanhas dos vereadores, o humor também se consolidou entre alguns candidatos a deputado estadual e federal.
Através da propaganda, um terreno fértil para a descontração, algumas siglas como o Partido da Mobilização Nacional (PMN) vêm tentando animar o eleitor entediado. O mais comentado do momento é o candidato Dengue (PMN), que fica incomodado com mosquito de mesmo nome que aparece voando enquanto pede voto. Ele o mata friamente com uma palmada e afirma: “para deputado estadual, vote Dengue”.
Mais um candidato que está dando o que falar, sendo um dos vídeos mais comentados no Youtube é Jesus, que usa um coro angelical de fundo enquanto pede voto. Jesus é um velho conhecido dos torcedores do futebol pernambucano. Sociólogo, ele é torcedor folclórico do Santa Cruz e ganha destaque em vários jogos do time do coração também vestido de Jesus.
Com o slogan “o que tá errado, vai pro paredão”, uma das estrelas do guia eleitoral é o ex-BBB Daniel Rolim, candidato a deputado estadual pelo PSDB. Ele aparece dançando e fazendo poses irreverentes enquanto promete colocar os maus políticos no paredão, fazendo uma referência ao sistema de eliminação do programa televisivo. O tucano ficou na terceira colocação no Big Brother Brasil de 2011.
Outro que busca a linha do humor no guia é Josafá Ribeiro (PMN), candidato a deputado estadual, que coloca a mão no coração e diz que ama os eleitores. Evangélico, o postulante conta que Deus tocou seu coração para passar uma mensagem de amor no guia . "Jesus nos amou e devemos amar ao próximo. Ele me prometeu a vitória e vai cumprir. Deus têm falado comigo e acho que sou merecedor, por isso a vitória virá", afirmou o candidato lembrando que o pessoal têm aceitado bem a declaração de amor.
Jackson O patriota, segue o mote do amor por Pernambuco e afirma que respeita o estado e o eleitor, encerrando o vídeo levantando a bandeira pernambucana. Influenciados pela Copa do Mundo 2014, que foi realizada no Brasil, alguns candidatos da sigla aparecem no guia e pedem votos como os jogadores das seleções eram apresentados ao público que assistiam aos jogos pela tevê. Com os braços cruzados e descontraídos, viram para câmara enquanto seus números são apresentados. São eles; Raquel Lorenço, Rose Fernandes, Remidiã, Wilson da Prestação e Manoelzinho Menino Novo, esses dois últimos candidatos à Câmara Federal e todos pelo PMN.
O candidato Zé da Rima (PSDC) usa a tática que está no seu apelido, a “rima”, intitulando-se como o candidato dos pobres. Também usando a rima, o candidato a deputado estadual Reginaldo Praticamente (PHS) cita o ex-governador Eduardo Campos, Ana Arraes, mãe de Eduardo e ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) e o prefeito do Recife, Geraldo Julio(PSB), externando que depois deles “só Reginaldo faz”.
O delegado Antônio Resende (PP) adota um jargão conhecido pelos pernambucanos e usado por uma humorista (Dona Irene) em uma propaganda publicitária de uma rede de lojas de eletrodomésticos. “É pra torar. Força e Honra”.
Juliano Domingues - Indagado sobre esse novo método de utilizar o humor nos guias eleitorais, o professor de Comunicação e Política da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) Juliano Domingues, acredita que a estratégia é uma forma de comunicação política que visa uma maior visibilidade. "Candidatos, em geral, buscam visibilidade, principalmente quando há muitos concorrentes a poucos cargos. Esse é o caso, sobretudo, de candidatos ao Legislativo. Recorrer ao humor é uma estratégia de comunicação política, por vezes ingênua e intuitiva, de se destacar dos demais e se tornar conhecido”.
O educador faz um alerta, contudo, para que os candidatos analisem se o eleitor se mostra receptivo a esse tipo de comunicação para evitar que a mensagem seja interpretada como chacota ou deboche. Ele acredita que o curto tempo de tevê contribui para esse método. “Certamente, o uso do humor representa uma estratégia barata de comunicação entre candidato e o eleitor, se comparada a estruturas complexas de mobilização de pessoal e equipamentos”, afirmou.
do diario de pe
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