TESTEMUNHAS DO MAIOR VEXAME DO FUTEBOL BRASILEIRO
Publicado por Alexandre Arditti jc
BELO HORIZONTE – Antes de a bola rolar no Mineirão na última terça-feira (8) pelas semifinais da Copa do Mundo, o mineiro Daniel de Paula Carneiro não poderia imaginar que veria tão de perto a mais humilhante derrota da história do futebol brasileiro. Ele foi o voluntário escalado, entre os quase três mil que trabalharam no estádio em Belo Horizonte, para ficar atrás da barra em que os alemães marcaram cinco vezes no primeiro tempo e na que o atacante Miroslave Klose balançou as redes para se tornar o maior artilheiro em Mundiais de todos os tempos, com 16 gols.
Ontem, no último dia de trabalho dos voluntários no Mineirão, em meio ao silêncio das arquibancadas vazias, Daniel contemplava a barra como se ainda procurasse respostas para a humilhante derrota por 7x1 para a Alemanha. Lembrava com tristeza de olhar no dia anterior para as arquibancadas e ver pessoas chorando desesperadamente. Lamenta ter procurado no campo e não ter encontrado um sinal sequer de reação nos rostos dos atletas do Brasil.
“Eu estava bem atrás dessa barra e não acreditava no que via. Um gol atrás do outro. Nem o mais pessimista dos brasileiros poderia imaginar em uma derrota como essa. A alegria deu lugar à tristeza. Vi pessoas chorando, algumas revoltadas, xingando mesmo. Esse clima de velório era sentido por todos aqui no gramado, inclusive pelos jogadores”, contou Daniel, funcionário público de 31 anos, que trabalhou como voluntário em uma Copa do Mundo pela primeira vez.
Daniel contou que, só quando acordou ontem e refletiu sobre a derrota no Mineirão, teve a certeza de que foi testemunha do maior vexame da história do futebol brasileiro. “Após a partida, tínhamos muitas funções a desempenhar no estádio. Não tive tempo de parar e pensar no que aconteceu. Mas, hoje (ontem) de manhã, caiu a ficha: fui espectador cativo da principal tragédia da seleção brasileira em todos os tempos”, comentou.
Do outro lado do campo, estava a estudante de direito Paula Marinho, de 18 anos, que também estreava como voluntária em um Mundial. Assim como Daniel, ela disse que não acreditava no que via em campo. “Fomos testemunhas de um pesadelo para o futebol brasileiro. Esse dia ficará marcado para sempre na história. Vou contar aos meus filhos e aos meus netos que estava aqui, bem próxima ao campo, vendo tudo”, afirmou.
A experiência de trabalhar como voluntários em uma Copa do Mundo agradou tanto aos dois, que ambos já projetam desempenhar a mesma função em outros grandes eventos esportivos internacionais. “É uma forma diferente de ver a competição, ainda mais por ser aqui no País. Entendemos melhor como as coisas funcionam e fazemos uma grande troca de experiência com pessoas de outros países. Foi algo incrível, que me deixou muito orgulhosa”, contou Paula.
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