quarta-feira, 11 de junho de 2014

INFRAESTRUTURA

Turistas encontram pontos de visitação turística abandonados

Quase todas as falhas apontadas em série de reportagens que começou em março continuam do mesmo jeito

Publicado em 11/06/2014, às 06h42



Cleide Alves

calves@jc.com.br

Bairro do Recife exibe tapumes apodrecidos na fachada de prédios deteriorados / Foto: Michele Souza/JC Imagem

Bairro do Recife exibe tapumes apodrecidos na fachada de prédios deteriorados

Foto: Michele Souza/JC Imagem

Turistas de várias nacionalidades já circulam nas ruas do Recife, à espera dos jogos da Copa do Mundo do Brasil, que começa amanhã e termina no dia 13 de julho próximo. Como a cidade pouco se preparou para receber os visitantes, eles terão de driblar calçadas esburacadas, fazer vista grossa nas praças públicas sujas e torcer para que um tapume velho pendurado na fachada de prédios antigos não desabe.
Problemas como esses foram apontados em 12 reportagens semanais, publicadas a partir de 26 de março deste ano. Ao longo da série, ao ser procurada para falar sobre o assunto, a prefeitura prometia corrigir as falhas antes de 12 de junho, o dia da abertura do Mundial de Futebol da Fifa. Passados 78 dias, nada mudou.
A Praça Dezessete, no bairro de Santo Antônio, no Centro, continuava com a fonte quebrada e lixo acumulado no tanque, na tarde de ontem. “A prefeitura fez uma limpeza semana passada, mas continua suja. Moradores de rua usam o local como sanitário e veículos a serviço do município estacionam na calçada da praça”, comenta Bernadete Freitas, que organiza viagens de turismo para idosos.
Caminho de acesso para a Igreja do Divino Espírito Santo, a praça é dividida em duas partes pela Rua do Imperador. No lado contrário da fonte, há um monumento em homenagem aos aviadores portugueses Gago Coutinho (1869-19959) e Sacadura Cabral (1881-1924), que fizeram a primeira travessia área do Atlântico Sul, a bordo de um hidroavião, em 1922, passando pelo Recife. Também precisa de limpeza.
O Mercado de São José, que aparece num vídeo institucional da Fifa todo organizado, permanece com as venezianas quebradas e cobertas de poeira. “Infelizmente, tudo está do mesmo jeito. Um ponto turístico como esse deveria estar em melhores condições durante a Copa do Mundo. Sequer lavaram as venezianas”, declara um dos comerciantes do mercado, que prefere não se identificar.
Localizado no bairro de São José, Centro da capital pernambucana, o mercado foi inaugurado em 1875 e é considerado patrimônio histórico nacional. Apesar das avarias, está de braços abertos para os visitantes, oferecendo artesanato de barro, palha e corda, roupas e calçados artesanais, peixes, crustáceos e grãos.
Nas proximidades da Casa da Cultura, outro ponto de atração turística do bairro de São José, trechos do guarda-corpo da margem do Rio Capibaribe caíram e não foram recuperados. Em março, a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) disse que o parapeito, feito de cimento, já estava sendo fabricado. A prefeitura pintou a mureta quebrada, mas não providenciou o conserto necessário.
NABUCO - A 300 metros da Casa da Cultura, a Praça Joaquim Nabuco, no início da Rua da Concórdia, conserva a mesma sujeira verificada em março. O monumento no meio do logradouro presta homenagem ao abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910) e foi inaugurado em 1915, para comemorar as Leis do Ventre Livre e dos Sexagenários, acumula camadas de poeira. Por enquanto, a estátua é lavada apenas por água de chuva.
Por se tratar de obra de arte, a prefeitura alega que precisa contratar gente especializada para fazer a restauração. Vândalos picharam o pedestal da estátua, na frente do Restaurante Leite, um dos mais antigos da cidade, fundado em 1882 e especializado em comida portuguesa.
Um dos lugares mais procurados por turistas, o Bairro do Recife exibe tapumes apodrecidos na fachada de prédios deteriorados. Há dois exemplos na Rua Vigário Tenório e um na Rua do Bom Jesus. A função do tapume, em formato de bandeja, seria aparar pedaços de reboco que se desprendem das edificações.
“Pela situação do material, se um pedaço de reboco cair do prédio, o tapume vai junto. A madeira não aguenta mais peso nenhum”, diz a comerciária Nadja Santana, da Rua do Bom Jesus. “Quando vejo turistas ou grupos de alunos debaixo dessa bandeja, aviso logo para sair, por causa do perigo”, acrescenta Nadja.
A única boa notícia, no fim da série, é a substituição dos orelhões quebrados e corroídos pela maresia do calçadão de Boa Viagem e do Pina, na Zona Sul, por aparelhos novos e que, agora, funcionam.

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