INFRAESTRUTURA
Turistas encontram pontos de visitação turística abandonados
Quase todas as falhas apontadas em série de reportagens que começou em março continuam do mesmo jeito
Publicado em 11/06/2014, às 06h42
Cleide Alves
calves@jc.com.br
Bairro do Recife exibe tapumes apodrecidos na fachada de prédios deteriorados
Foto: Michele Souza/JC Imagem
Turistas de várias nacionalidades já circulam nas ruas do Recife, à espera dos jogos da Copa do Mundo do Brasil, que começa amanhã e termina no dia 13 de julho próximo. Como a cidade pouco se preparou para receber os visitantes, eles terão de driblar calçadas esburacadas, fazer vista grossa nas praças públicas sujas e torcer para que um tapume velho pendurado na fachada de prédios antigos não desabe.
Problemas como esses foram apontados em 12 reportagens semanais, publicadas a partir de 26 de março deste ano. Ao longo da série, ao ser procurada para falar sobre o assunto, a prefeitura prometia corrigir as falhas antes de 12 de junho, o dia da abertura do Mundial de Futebol da Fifa. Passados 78 dias, nada mudou.
A Praça Dezessete, no bairro de Santo Antônio, no Centro, continuava com a fonte quebrada e lixo acumulado no tanque, na tarde de ontem. “A prefeitura fez uma limpeza semana passada, mas continua suja. Moradores de rua usam o local como sanitário e veículos a serviço do município estacionam na calçada da praça”, comenta Bernadete Freitas, que organiza viagens de turismo para idosos.
Caminho de acesso para a Igreja do Divino Espírito Santo, a praça é dividida em duas partes pela Rua do Imperador. No lado contrário da fonte, há um monumento em homenagem aos aviadores portugueses Gago Coutinho (1869-19959) e Sacadura Cabral (1881-1924), que fizeram a primeira travessia área do Atlântico Sul, a bordo de um hidroavião, em 1922, passando pelo Recife. Também precisa de limpeza.
O Mercado de São José, que aparece num vídeo institucional da Fifa todo organizado, permanece com as venezianas quebradas e cobertas de poeira. “Infelizmente, tudo está do mesmo jeito. Um ponto turístico como esse deveria estar em melhores condições durante a Copa do Mundo. Sequer lavaram as venezianas”, declara um dos comerciantes do mercado, que prefere não se identificar.
Localizado no bairro de São José, Centro da capital pernambucana, o mercado foi inaugurado em 1875 e é considerado patrimônio histórico nacional. Apesar das avarias, está de braços abertos para os visitantes, oferecendo artesanato de barro, palha e corda, roupas e calçados artesanais, peixes, crustáceos e grãos.
Nas proximidades da Casa da Cultura, outro ponto de atração turística do bairro de São José, trechos do guarda-corpo da margem do Rio Capibaribe caíram e não foram recuperados. Em março, a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) disse que o parapeito, feito de cimento, já estava sendo fabricado. A prefeitura pintou a mureta quebrada, mas não providenciou o conserto necessário.
NABUCO - A 300 metros da Casa da Cultura, a Praça Joaquim Nabuco, no início da Rua da Concórdia, conserva a mesma sujeira verificada em março. O monumento no meio do logradouro presta homenagem ao abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910) e foi inaugurado em 1915, para comemorar as Leis do Ventre Livre e dos Sexagenários, acumula camadas de poeira. Por enquanto, a estátua é lavada apenas por água de chuva.
Por se tratar de obra de arte, a prefeitura alega que precisa contratar gente especializada para fazer a restauração. Vândalos picharam o pedestal da estátua, na frente do Restaurante Leite, um dos mais antigos da cidade, fundado em 1882 e especializado em comida portuguesa.
Um dos lugares mais procurados por turistas, o Bairro do Recife exibe tapumes apodrecidos na fachada de prédios deteriorados. Há dois exemplos na Rua Vigário Tenório e um na Rua do Bom Jesus. A função do tapume, em formato de bandeja, seria aparar pedaços de reboco que se desprendem das edificações.
“Pela situação do material, se um pedaço de reboco cair do prédio, o tapume vai junto. A madeira não aguenta mais peso nenhum”, diz a comerciária Nadja Santana, da Rua do Bom Jesus. “Quando vejo turistas ou grupos de alunos debaixo dessa bandeja, aviso logo para sair, por causa do perigo”, acrescenta Nadja.
A única boa notícia, no fim da série, é a substituição dos orelhões quebrados e corroídos pela maresia do calçadão de Boa Viagem e do Pina, na Zona Sul, por aparelhos novos e que, agora, funcionam.
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