domingo, 30 de março de 2014

Recursos »Redes de trabalhoEmpresas estão checando cada vez mais perfis na internet de candidatos a vagas de empregos e informações podem ser determinantes na contratação

Pedro Maximino - Diario de Pernambuco


Sônia Calado defende que as empresas têm o direito de conhecer o melhor possível os valores da pessoa a ser contratada Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press
Sônia Calado defende que as empresas têm o direito de conhecer o melhor possível os valores da pessoa a ser contratada Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press
Aquela ideia de que as redes sociais são um espaço apenas para descontrair e manter contatos com amigos está ficando para trás. Uma pesquisa feita empresa de monitoramento em mídias sociais Reppler revelou que 91% dos empregadores dos Estados Unidos afirmam visitar o perfil virtual dos candidatos a vagas de emprego. E embora no mercado brasileiro essa prática não seja tão difundida, especialistas da área já garantem que as redes sociais vão se tornar um fator cada vez mais determinante na hora da contratação.

“As empresas têm o direito de conhecer o melhor possível os valores da pessoa a ser contratada”. É o que pensa a professora de administração da Faculdade dos Guararapes, Sônia Calado, que também é doutora em comportamento organizacional. Para ela, é preciso ter noção de que as empresas não estão invadindo a vida de ninguém, pois cada um escolhe o que quer mostrar. “No currículo, a pessoa se protege um pouco. Todo mundo quer ser bem avaliado”, afirma. 

Visitar as redes sociais do candidato é uma forma de ver como ele se comporta fora do ambiente de trabalho. “Os empregadores querem pessoas competentes, de valores alinhados com as propostas das empresas”. Para Felipe Mançano, porta-voz da Michael Page, empresa especializada em recrutamento de profissionais, as empresas fazem isso como uma precaução a mais, além do currículo. “A empresa quer saber quem é aquela pessoa, para evitar problemas que comprometam a imagem dela no futuro.”

Algumas postagens consideradas banais podem prejudicar a pessoa na hora de uma seleção de trabalho. “Postar conteúdos que indiquem tristeza pela chegada da segunda-feira, por exemplo, pesam de maneira negativa”, diz Cecília Frasão, proprietária da MB Consultoria. Páginas como “Eu odeio acordar cedo” demonstram falta de compromisso e podem pesar contra o candidato. “É bom evitar fotos segurando bebidas acoólicas ou em muitas festas”, diz Felipe Mançano. Sônia Calado dá um conselho: “se tiver dúvida, não publique”. Ela também indica que é bom evitar publicar conteúdos preconceituosos e opiniões polêmicas.

"Postar conteúdos que indiquem tristeza pela chegada da segunda-feira, por exemplo, pesam de maneira negativa", diz Cecília Frasão Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
A frequência de uso das redes é outro fator levado em consideração. Alguns ambientes de trabalho restringem o acesso nos computadores da empresa, mas não é possível fazer o mesmo nos celulares dos funcionários. “Alguns gestores optam por pessoas menos ativas em redes sociais”, diz Cecília. A pessoa que usa as redes com frequência passa a imagem de que não tem nada para fazer ou está deixando o trabalho de lado para navegar na internet.

Quem ocupa cargos de liderança deve se preocupar em dobro com o que é postado. “O bom líder é um modelo. Quem é líder deve ficar ligado o tempo todo”, diz Sônia. “O liderado é quem decide que vai aceitar tal pessoa como líder. É uma relação de confiança, de respeito. Um ajuda o outro a crescer. Caso o liderado se sinta decepcionado, essa relação é destruída e o líder passa a ser apenas o chefe.”

Os cuidados também valem para quem está entrando agora no mercado de trabalho. As brincadeiras feitas na época da adolescência e postadas nas redes sociais precisam ser revistas e, se for o caso, até mesmo excluídas. É o caso de muitos jovens que colocam como local de trabalho no Facebook a “V.A.S.P. – Vagabundos Anônimos Sustentados pelos Pais”. Eles deixam a informação lá e muitas vezes esquecem, mas ela está disponível para qualquer empregador ver.

Do lado positivo, as redes sociais podem servir para divulgar as conquistas profissionais e projetos próprios. Também tem a opção de utilizar redes voltadas para relações profissionais, como o LinkedIn. Criada nos Estados Unidos, hoje ela reúne mais de 15 milhões de brasileiros. Segundo Mançano, o site é um bom endereço para inserir dados profissionais, sem espaço para brincadeiras ou distrações. “O LinkedIn é cada vez mais visto e levado em consideração no Brasil.”

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