terça-feira, 30 de outubro de 2012

Suape » Trabalhadores da refinaria e da petroquímica voltam a cruzar os braços

Motivo é um suposto descumprimento, por parte dos patrões, da convenção coletiva que prevê equiparação salarial. Amanhã, em assembleia, eles podem deflagrar greve por tempo indeterminado

Em agosto, 50 mil operários passaram 17 dias em greve, num movimento que foi considerado ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT/6ª) (Ricardo Fernandes/DP/D.A Press)


Em agosto, 50 mil operários passaram 17 dias em greve, num movimento que foi considerado ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT/6ª)

Os cerca de 50 mil operários que atuam nas obras da Refinaria Abreu e Lima e da PetroquímicaSuape, em Ipojuca, voltaram a cruzar os braços na manhã desta terça-feira (30). Eles alegam o descumprimento, por parte dos patrões, do acordo coletivo celebrado no dia 1º de agosto que prevê a equiparação salarial.

Segundo um dos assessores do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Sintepav-PE), Leodelson Bastos, a convenção coletiva estabelecia um prazo de 60 dias para que fosse feito um levantamento dos salários pagos a cada função por uma comissão formada por representantes de ambas as partes.

“Esse prazo se estendeu por mais de 30 dias e ainda assim a equiparação não foi feita. Por isso a gente orientou os trabalhadores a cruzarem os braços como forma de protesto e amanhã, às 7h, vamos realizar uma assembleia para votar a deflagração da greve por tempo indeterminado”, disse Bastos.

Na segunda-feira (29), patrões e trabalhadores discutiram o tema da equiparação em uma reunião mediada pelo Ministério do Trabalho. Não houve acordo. Os trabalhadores argumentam que as empresas apresentaram uma proposta de equiparação salarial pela média e não pelo teto, como prevê a convenção coletiva.

Para se ter uma ideia das diferenças salariais existentes nos dois canteiros de obras, tem encanador industrial trabalhando na PetroquímicaSuape, pela Odebrecht, ganhando R$ 1.950. Na refinaria, trabalhadores na mesma função recebem R$ 2.360, caso da Alusa.

“É essa disparidade que está criando insatisfação”, completa o assessor do Sintepav-PE. Em nota, o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Civil Pesada (Sinicon) considerou a paralisação “inoportuna” e informou que entrará com dissídio junto ao TRT/6ª solicitando a ilegalidade do movimento.

O Sinicon alega que, apesar da convenção coletiva ter estabelecido que uma comissão formada por representantes de ambas as partes iria estabelecer os critérios do estudo de equiparação salarial, o Sintepav-PE se antecipou e contratou o estudo a uma empresa, sem a participação do Sinicon. “O resultado apresentado não foi aceito pelo Sinicon por não atender critérios que viabilizariam uma equiparação justa dos salários, como, por exemplo, tempo de serviço prestado e outros aspectos previstos na legislação”, justifica a nota do sindicato patronal.

Em agosto, esses 50 mil operários passaram 17 dias em greve, num movimento que foi considerado ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT/6ª). Eles alegavam que o acordo coletivo tinha sido assinado pelo Sintepav-PE sem a anuência da maioria, numa assembleia esvaziada.

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