segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A mulher e a lei

Homem que matou mulher e escondeu corpo em tonel será julgado nesta terça


Por Gleide Ângelo
Gleide Ângelo reforça a importância da denúncia  / Foto: Heudes Régis/JC Imagem
Gleide Ângelo reforça a importância da denúnciaFoto: Heudes Régis/JC Imagem
Caros leitores,
Já falei em um dos artigos sobre este crime bárbaro que ocorreu em setembro de 2014 em Ponte dos Carvalhos, no município do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. Nesta terça-feira (9) será o julgamento de Wellington Rodrigues de Araújo, acusado de matar e ocultar o corpo da companheira Jacielma Vieira dos Santos. O julgamento será na 1ª Vara Criminal do Cabo de Santo Agostinho, as 09hs e será presidido pelo Juiz Luiz Carlos Vieira de Figueiredo.
O CASO DO TONEL
As investigações apuraram que acusado Wellington Rodrigues de Araújo conheceu a vítima Jacielma Vieira dos Santos no Estado de Minas Gerais, onde conviveram e tiveram uma filha que estava com quatro anos de idade. Os familiares de Jacielma não aceitavam o relacionamento porque diziam que Weligton era violento e tinha outras mulheres. Por isso, o acusado e a vítima resolveram vir para o Estado de Pernambuco para ficar longe da família dela. Neste Estado, ela conseguiu um emprego em uma empresa de logística e ele fazia alguns trabalhos como treinador físico.
Depois de seis anos de relacionamento conturbado, a vítima resolveu se separar do companheiro, pois não aguentava mais as brigas e agressões. Não aceitando a separação, o acusado matou a vítima cortando o pescoço dela com uma faca. Em seguida ele enrolou o corpo da vítima com um tapete e colocou dentro de um tonel que havia na área de serviço. Depois ele pegou no quintal baldes de areia e colocou dentro do tonel, lacrando o tonel com silicone. Premeditando tudo, ele ainda colocou um cano dentro do tonel que servia como “suspiro” para que os gases saíssem lentamente e evitasse o odor do corpo. Tudo isso foi feito com a filha de quatro anos em casa.
Demonstrando frieza, em menos de um mês, o acusado colocou dentro de casa uma mulher que ele tinha um relacionamento extraconjugal há mais de dois anos. Na casa ficou morando, o acusado, a mulher, a criança de quatro anos, com o corpo da vítima dentro do tonel na área de serviço.
Como a criança de quatro anos estava perguntando muito pela mãe, o acusado resolveu levar a filha para São Paulo, e a deixou na casa de uma ex-mulher que reside em Sorocaba. O acusado tem quatro filhos com a ex-mulher e deixou a criança em uma casa que ela não conhecia ninguém. A desculpa que ele dava para todas as pessoas que perguntavam por Jacielma, era de que a mãe da criança tinha arrumado um emprego em outro estado e tinha abandonado ele com a criança.
O corpo da vítima foi encontrado seis meses depois do crime, em que em 09/03/15, quando o acusado foi preso em flagrante delito pelo crime de ocultação de cadáver e indiciado também pelo crime de homicídio duplamente qualificado. Atualmente o acusado se encontra preso e nesta terça (9), Wellington será julgado pelo Tribunal do Juri.A importância de mostrar esses casos reais, quando se comemora dez anos da Lei Maria da Penha é para que as mulheres que sofrem violência doméstica/familiar vejam o que ocorre quando elas não denunciam os agressores. Neste caso, o relacionamento entre vítima e agressor sempre foi conturbado. Os familiares dela nunca aceitaram, pois diziam que ele tinha diversos casos extraconjugais. Não querendo aceitar a realidade, ela preferiu se afastar dos familiares e vir para um Estado onde ela não conhecia ninguém.
Os vizinhos disseram que a vítima sofria muito, e que eles brigavam todos os dias, inclusive com agressões físicas. Como a vítima não tinha amigos e familiares, sofreu sozinha, calada. Quando resolveu dar um basta na situação e ir embora com a filha, o companheiro agressor não aceitou, e a matou de forma covarde e cruel, e ocultou o corpo em um tonel, onde permaneceu morando com outra mulher dentro da mesma casa por seis meses. Neste caso, se Jacielma tivesse procurado familiares ou a polícia e pedido uma Medida Protetiva, esse crime poderia ter sido evitado, pois o descumprimento da medida causaria a prisão preventiva do agressor. É por isso que dizemos que a violência contra a mulher ocorre de forma crescente, geralmente se inicia com a violência psicológica (gritos, ameaças), violência moral (injúria, difamação), violência física (empurrões, puxões de cabelos, murros), e desencadeia na morte.
Por isso, as mulheres têm que parar a violência no seu início, no primeiro grito. No caso real, os familiares disseram que as brigas e lesões já ocorriam há cerca de seis anos, desde o tempo em que eles moravam no Estado de Minas Gerais. Mas, acreditando que longe dos familiares o agressor mudaria, a vítima resolveu vir para Pernambuco, onde encontrou a morte sem nunca ter denunciado. Então mulheres, para que a Lei Maria da Penha tenha efetividade é necessário que você denuncie, que não fique calada, não se afaste de todos. Pelo contrário, busque ajuda dos familiares, amigos, vizinhos. Você tem toda uma Rede de Enfrentamento à Violência à sua disposição. Proteja a sua vida de homens agressores, covardes, frios e violentos. Não seja a próxima vítima, DENUNCIE!
VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA!
EM QUAIS ÓRGÃOS BUSCAR AJUDA:

» Centro de Referência Clarice Lispector – (81)3355.3008/ 3009/ 3010

» Centro de Referência da Mulher Maristela Just - (81) 3468-2485
» Centro de Referência da Mulher Márcia Dangremon - 0800.281.2008
» Centro de Referência Maria Purcina Siqueira Souto de Atendimento à Mulher – (81) 3524.9107
» Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal - 180
» Polícia - 190 (se a violência estiver ocorrendo)

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