Recuperação
Crescimento da indústria só deve vir em 2017
Agência Estado
Diversos setores da indústria brasileira ainda sentem os efeitos da crise econômicaFoto: EBC
O setor de média baixa intensidade - que inclui produtos de borracha, metálicos, não metálicos, entre outros - tem sido a exceção no processo de recuperação da indústria brasileira.
O patamar da queda continua similar ao verificado no período mais intenso da crise. No trimestre encerrado em junho, o recuo foi de 10,4% ante o mesmo período do ano passado. "A indústria de média baixa segue andando de lado", afirma Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Essa fatia da indústria sofre com a baixa demanda por produtos metálicos - resultado da crise do setor automobilístico e da construção civil - e pelo excesso de produção em siderurgia no mundo, o que dificulta o caminho das exportações para aliviar o mau momento do mercado brasileiro.
"O setor de média baixa tecnologia ainda enfrenta as dificuldades do setor de petróleo e combustível. Ele não sente só o efeito da crise, mas também as questões envolvendo a Petrobrás", diz o economista do Iedi.
Sem recuperação
Embora o cenário comece a melhorar para a indústria de forma geral, um crescimento da produção industrial só deverá ser observado no ano que vem. De acordo com os analistas consultados pelo relatório do Focus, do Banco Central, a expectativa para a produção industrial é de uma alta de 1,05% em 2017. Neste ano, os economistas estimam uma retração de 5,95%.
"Se vier uma recuperação, ela deve ocorrer em 2017. Estamos num momento delicado. Possíveis reversões dessa trajetória de recuperação podem ocorrer", afirma Cagnin.
Um dos pontos de incerteza da indústria nacional é o patamar do câmbio por causa da recente a valorização do real. Neste ano, a moeda americana já recuou 17,4% ante a brasileira.
No ano passado, a forte desvalorização do real tornou a indústria brasileira mais competitiva no exterior e reduziu o ritmo de importações, o que beneficiou duplamente os produtores nacionais.
"Com o câmbio a R$ 3,50, a perspectiva era de uma melhora imediata. O real desvalorizado ajudou na substituição de importação de 300, 350 mil toneladas no setor têxtil e algo em torno de 400 e 450 milhões de peças de vestuário", afirma Rafael Cervone, presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil(Abit).
"Se conseguimos mexer com questões mais estruturantes, como a modernização da legislação trabalhista e avançar nos acordos comerciais, rapidamente o cenário pode e os investimentos serão retomados", afirma Cervone.
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