sábado, 13 de agosto de 2016

Judô

Baby vence uzbeque e conquista a medalha de bronze


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Baby venceu pelas duas advertências sofridas por seu adversário. / Foto: AFP.
Baby venceu pelas duas advertências sofridas por seu adversário.Foto: AFP.
O judoca brasileiro Rafael Silva, o Baby, repetiu o desempenho de Londres-2012 ao conquistar nesta sexta-feira (12) a medalha de bronze da categoria acima de 100 kg dos Jogos do Rio.

O último dia do judô foi marcado por mais um título do mito Teddy Riner, oito vezes campeão mundial e agora bicampeão olímpico.
A Marselhesa tocou duas vezes na Arena Carioca 2, já que a hegemonia da França nos pesos pesados se estendeu à categoria feminina (acima de 78 kg).
Um dos versos da letra hino nacional francês diz "o dia de glória chegou", e foi o que aconteceu para os 'Bleus'. Além de Riner, Émilie Andéol também faturou o ouro, ao derrotar a grande favorita, a cubana Idalys Ortiz, campeã olímpica há quatro anos e bicampeã mundial.
Já Riner se consagrou mais uma vez na cidade onde conquistou seu primeiro título mundial, em 2007, quando tinha apenas 18 anos. Em 2013, ele voltou para o Rio e conquistou o hexacampeonato. Três anos depois, chegou o bicampeonato.
"É sempre especial ganhar uma nova medalha olímpica. Ganhar um grande título aqui no Rio pela terceira vez é algo grandioso", vibrou o multicampeão de 27 anos.
Com o pódio de Rafael Silva, o Brasil encerra sua participação olímpica na Cidade Maravilhosa com três medalhas, uma a menos do que há quatro anos, na capital inglesa.
Além de Baby, Mayra Aguiar também repetiu o bronze de 2012, na categoria até 78 kg, enquanto Rafaela Silva (até 57 kg) se sagrou campeã olímpica, três anos depois do seu título Mundial, também no Rio.
No total, o Brasil soma quatro medalhas nestes Jogos, com a prata de Felipe Wu no tiro esportivo, e a quinta já está garantida, com o boxeador Robson Conceição classificado para as semifinais da categoria até 60 kg.

Pedreira no caminho do bronze

Depois de vencer suas duas primeiras lutas por ippon, Rafael Silva perdeu para Riner nas quartas de final, na reedição da final do Mundial de 2013, também vencida pelo francês.
Apesar do enorme favoritismo de Riner, o público recebeu os dois judocas aos gritos de "eu acredito!".
"Vamos Rafael, é sua vez, você vai fazer história!", bradou um torcedor mais empolgado.
A torcida brasileira gritava "Baby, Baby", enquanto os animados franceses, minoria bastante barulhenta, respondiam com "Teddy, Teddy".
O início de luta foi bastante travado, com ambos os judocas levando um shido, punição por falta de combatividade.
O francês dominava a pegada na manda do quimono, controlando o combate e impedindo o Baby de alcançá-lo.
Faltando 1 minuto e 51 segundos para o fim do combate, Riner aplicou um wazari que deixou o brasileiro em grande desvantagem. Rafael até tentou reverter o prejuízo, mas não teve jeito, o adversário era forte demais.
Apesar da derrota, Baby soube dar a volta por cima ao superar o holandês Roy Meyer na repescagem.
Maria Suelen eliminada
Na luta pelo bronze, o brasileiro enfrentou o veterano Tangriev, de 35 anos, um dos poucos judocas a ter derrotado Riner, nos Jogos de Pequim-2008.
Baby conseguiu impor sua força física e mostrou mais agressividade, diante de um adversário que parecia cansado, e se contentava em se defender.
"Eu sabia que ele iria estar cansado, porque tinha acabado de fazer a semifinal. Tentei aproveitar ao máximo esse cansaço dele para definir a luta por punição e acabei conseguindo um yuko", revelou o brasileiro.
O uzbeque levou um shido depois de 1 minuto e 20 de combate, para a alegria do público, que não parava de gritar "Baby, Baby".
O brasileiro estava em vantagem, mas fez questão de encaixar um último golpe para assegurar a medalha, com um yuko que levantou a torcida a 30 segundos do fim.
Quando soou o gongo, a comemoração foi bastante sóbria, com o gigante de 2,03 m e 165 kg levantando os braços para o ar, parecendo estar muito emocionado.
"Passa um filme na sua cabeça. Ganhar a medalha em casa, com toda sua família assistindo é um privilégio muito grande. Fiz uma comemoração introspectiva, mas foi bom, estou muito feliz", relembrou o medalhista de bronze.
O pódio também foi sinônimo de superação. Em junho de 2015, Baby sofreu uma lesão no tendão do músculo peitoral durante um treino de força e ficou dos tatames por seis meses, perdendo o Mundial e o Pan daquele ano. Por conta desse problema, ele perdeu muitos pontos no ranking e só garantiu a vaga olímpica depois de um duelo a distância acirrado com David Moura.
"O final desse ciclo olímpico foi bastante complicado para mim. Foi complicado voltar a lutar bem, mas cheguei aqui acreditando muito", completou.
No feminino, Maria Suelen Altheman, vice-campeã mundial em 2013 e 2014, caiu logo na estreia, ao perder por um yuko para a a sul-coreana Minjeong Kim, na categoria acima de 78 kg.
'Sussu', como é conhecida pelas colegas de seleção, estava inconsolável ao final da luta, e só encontrou conforto nos braços do marido, Carlos Honorato, ex-judoca medalhista de prata nos Jogos de Sydney-2000, hoje comentarista de televisão, na entrada da zona mista onde conversou com os jornalistas.
"Saí derrotada, mas fico feliz por ter representado meu país. Não sei se vou ter outra oportunidade, então foi um privilégio, ainda mais lutando dentro de casa", reagiu a paulista de 27 anos.

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