quinta-feira, 24 de abril de 2014

PERNAMBUCO

Polícia só investigou um terço dos casos de morte por choque elétrico

Dos 46 óbitos registrados desde 2012 em Pernambuco, apenas 15 terminaram em abertura de inquérito. E cinco foram concluídos

Publicado em 24/04/2014, 



Da editoria de Cidades

 / Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem

Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem

A Polícia Civil indiciou na última quarta-feira (23) um funcionário da Celpe e outro da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) pela morte do advogado e músico Davi Santiago de Lima Filho, 37 anos, ocorrida em 11 de junho do ano passado, em Boa Viagem, Zona Sul da capital. Foi o caso de maior repercussão relativo a choque elétrico, mas uma fatia ínfima da realidade.
Levantamento divulgado também ontem pela Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe) revela que, nos últimos cinco anos, outras 107 pessoas morreram pela mesma causa no Estado. Na semana da tragédia envolvendo Davi, o chefe de Polícia Civil, Osvaldo Morais, anunciou que faria mapeamento das mortes por choque em rede elétrica e abriria inquérito para cada ocorrência. A pesquisa mostrou que, entre 2012 e 2014, período em que houve 46 mortes, 15 inquéritos foram abertos e apenas cinco, concluídos. Ou seja, dois terços dos casos sequer foram apurados pela polícia.
Osvaldo disse que, embora os episódios sejam tocados pelas delegacias distritais, a Diretoria Integrada Metropolitana (DIM) ficou responsável pelo monitoramento no Grande Recife. “Pedimos celeridade e rigor”, frisou.
No último ano, 24 pessoas, entre elas Davi Santiago, morreram em Pernambuco vítimas de choque elétrico. De acordo com o chefe da DIM, delegado Luiz Andrey, quatro dos casos ocorridos em 2013 foram solucionados pela Polícia Civil, todos resultando em indiciamento de servidores da companhia responsável pelo fornecimento de energia ou de órgãos municipais. 
O dado inclui a investigação da morte do menino João Tomaz da Silva Neto, 11, eletrocutado após receber uma descarga elétrica de um poste em Ponte dos Carvalhos, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, exatamente um ano atrás. O caso também gerou comoção. “Alguns inquéritos já foram concluídos, outros estão em fase de encerramento e continuamos em contato com as delegacias, fazendo um levantamento da Região Metropolitana” explicou Luiz Andrey.
No mesmo mês em que Davi morreu ao pisar num fio desencapado na Avenida Visconde de Jequitinhonha enquanto passeava com seu cachorro, o aposentado Nilson Inácio Torres, 59, foi a óbito ao se apoiar num poste para atravessar a Avenida Abdias de Carvalho, nos Torrões, Zona Oeste do Recife. A família da vítima foi à Delegacia da Várzea para registrar o caso. Mas, após dez meses, a investigação, iniciada com o delegado João Gaspar e que passou para as mãos de Francisco Júnior, ainda não foi concluída.
Francisco Júnior solicitou, há um mês, a prorrogação do inquérito por mais 45 dias. Ele espera finalizar a apuração do caso nos 15 dias restantes. “Estamos esperando chegar algumas documentações e vamos tomar depoimentos”, afirmou o delegado. A polícia ainda não sabe se o poste pelo qual vazou a corrente elétrica era de responsabilidade da Celpe ou da prefeitura.
Segundo o coordenador de energia da Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe), Hamilton Lins, foram 19 pessoas mortas por choque elétrico em 2009, 16 em 2010, 31 em 2011, 18 em 2012 e 24 no ano passado, totalizando 108. O órgão não informou a multa acumulada aplicada à Celpe por conta dos óbitos registrados. O balanço parcial deste ano é de quatro mortes.

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