Fragilizado »PT não tem condições de ter candidato a governador, diz João da CostaSegundo o ex-prefeito, o partido está afastado dos segmentos sociais e não tem projeto para o estado que está em pleno desenvolvimento
Aline Moura - Diario de Pernambuco
Publicação: 22/04/2013 18:44 Atualização: 22/04/2013 19:02
Apesar de evitar confronto direto, João da Costa frisa que já inquietações sobre o futuro do Orçamento Participativo. |
Segundo ele, não há motivos para precipitações, já que a legenda socialista faz parte do governo federal, enquanto o PT integra a prefeitura e o governo do estado. “Qual é o projeto que a gente propõe para o modelo em desenvolvimento de Pernambuco? A gente tem que pensar para os próximos oito anos, no mínimo. O que o PT vai propor?”, indagou.
João da Costa ainda demonstrou certo desconforto com a falta de reconhecimento de sua gestão por parte dos socialistas, mas não fez qualquer menção de rompimento. Pelo contrário. Apesar de o PSB ser aliado, disse que o papel da legenda socialista não é defendê-lo. “Não cabe a eles reconhecer. Isso é política. Não vou esperar que eles fiquem reconhecendo ou falando disso (…) A gente tem que se defender”, afirmou, acrescentando que o passar do tempo vai levar o PSB a entender a maior complexidade de governar a cidade.
Segundo João da Costa, algumas “inquietações” começam a aparecer porque o governo não decidiu o modelo de diálogo com a sociedade, mas ele frisou que vai aguardar, porque ainda é cedo. Veja abaixo a íntegra da entrevista.
Prefeito, o Portal da Transparência da prefeitura foi todo reformulado e os socialistas frisaram, na ocasião, que tinham que fazer melhor. Falta algum reconhecimento a sua gestão por parte dos aliados?
Não cabe a eles reconhecer. Isso é política. Não vou esperar que eles fiquem reconhecendo ou falando disso. Agora, na medida que a complexidade da cidade do Recife vai se materializando, dá para ver que não é tão fácil, que alguns problemas são recorrentes, que não era a pessoa em si. A questão é mais complexa. Quando o problema da mobilidade se aprofundou eu era o prefeito, mas, na medida que as coisas vão acontecendo… vai ser preciso um distanciamento no tempo para avaliar melhor o que foi feito.
Qual o reconhecimento que o senhor sentiu do prefeito Geraldo Julio, que é seu aliado?
Eu tenho uma relação muito boa com Geraldo Julio. Mas estou preocupado com o reconhecimento que o povo fez. Uma parte da população reconhece o trabalho que a gente fez, estou focado nisso. Acho que o PT deve fazer um balanço, deve apresentar o legado desses 12 anos. Tem que superar suas dificuldades internas para poder dialogar com a cidade porque pesquisas mostram que o eleitor admira o PT.
Isso mostra que o partido tem um potencial político para se trabalhar os projetos. O partido tem que ter bom senso, responsabilidade política para que seu capital conquistado possa ser defendido. Não é esperar que os outros façam. A gente que tem que se defender.
Essa dificuldade no PT não se dá por conta de sua relação com João Paulo? Isso vai ser resolvido algum dia?
Não podemos colocar o problema do PT e responsabilizar minha relação com João Paulo. Os problemas são maiores do que esse. A questão é a gente discutir a política, ter instâncias para que as políticas possam ser debatidas. Quais os caminhos do PT? O PT tem que começar a apresentar coisas concretas, não pode só dizer: vou procurar Armando Monteiro.
O PT tem que discutir com as forças vivas, reconquistar espaços em vários setores, o PT tem que apresentar ideias, projetos, isso vai requerer do PT um esforço maior do que tem hoje, se a gente não fizer isso, vamos ficar a reboque das outras ideias. Qual é o projeto que a gente propõe para o modelo em desenvolvimento de Pernambuco? Vocês tem que pensar nos próximos oito anos no mínimo. O que o PT vai propor?
O senhor acha que o PT não debate a cidade?
O PT tem que sentar, buscar essa discussão, dialogar. Ninguém do PT está discutindo a cidade, ela está sendo discutida pelos outros, que ficam vão pesquisar coisas fora. Isso é pouco para o PT. O PT já foi governo, fez coisas boas, mas tem que dar um passo à frente. O PT tem que dizer, concretamente, como vai mudar a vida das pessoas. Na política tem que ter maturidade, competência, tem que analisar o período histórico. As lideranças vieram de outro período histórico, tem uma geração de pessoas que não conhecem o início da história do PT.
Já que o senhor está falando da cidade, como o senhor está vendo o diálogo do prefeito? Os garis pararam hoje, os professores vão parar amanhã, os secretários não aparecem em entrevistas na TV para responder às demandas da população…
Isso é uma análise mais ampla. Não posso dizer que o governo não tem diálogo. Se começa a ter alguns problemas, não posso dizer se é fruto da ausência de diálogo. Isso precisa ser analisado. A greve dos professores, sem querer defender ninguém, faz parte de um movimento nacional, todo ano eles fazem. A dos garis pode ser a relação deles com a empresa. Agora, o governo não definiu um modelo de participação amplo. Então, o prefeito disse que está estudando, a partir do momento que entrar em funcionamento, a gente pode analisar melhor.
O senhor acha que está demorando para discutir o novo formato do Orçamento Participativo?
Tinha um processo e isso não vem acontecendo. Pode ser que comece a gerar alguma inquietação, mas não estou… são três meses de governo, o PT faz parte do governo, não vou fazer uma análise sem envolver o partido, eu não sou desse tipo de militante. Tenho que manter uma relação determinada pelo partido (de aliado).
O senhor acha que o governador Eduardo Campos está mantendo a mesma relação com a presidente Dilma que o senhor está mantendo com Geraldo Julio (de aliado)?
Não, o governo Dilma está no final, Geraldo julio está caminhando. Eu explicitei divergências, eu não concordo que a gente não fez nada sobre o controle urbano. Falei da educação do mesmo jeito. Agora, o conteúdo geral a gente tem que esperar um tempo melhor para analisar.
O senhor acha que o PT deve manter a aliança com o PSB?
Acho que o PT deve buscar uma política de alianças, seja qual for a aliança. Hoje, as principais lideranças do PT têm sinalizado que não querem essa postulação (de disputar o governo do estado). Então, pode ser uma condição colocada à frente. Agora, se eu digo: “vamos ter candidatura própria”, a gente tem que partir para um caminho e dar consequências a isso. O PT está no governo do estado, na PCR e o PSB está no governo federal. Por que a gente vai tomar uma posição contrária? A gente deve insistir porque a questão não é só eleitoral, é sobre o futuro do Brasil.
fonte diario de pernambuco
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