sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

NEGÓCIOS

Hospital Santa Joana agora é da UnitedHealth

Bilionário do setor de saúde Edson Bueno vem ao Rccife para primeira visita oficial após a transação


Editoria de Economia

economia@jc.com.br

Empresa é referência do ramo / Edmar Melo/Acervo JC Imagem

Empresa é referência do ramo

Edmar Melo/Acervo JC Imagem

Quem for atendido nesta sexta-feira (22) no projeto Verão com Saúde – criado há 11 anos pelo Hospital Santa Joana e que oferece serviços preventivos gratuitos no Recife e no Litoral Sul – poderá esbarrar com o bilionário Edson Bueno. Fundador da Amil, ele é acionista e conselheiro do UnitedHealth Group, atual dono da operadora de planos de saúde brasileira. A visita consolida uma negociação entre a rede norte-americana e o grupo pernambucano Fernandes Vieira: agora, o Santa Joana, um dos hospitais mais reconhecidos de Pernambuco, é oficialmente associado ao UnitedHealth.

Em sua primeira visita oficial após a formalização do negócio, Bueno também reúne-se com gestores do grupo Fernandes Vieira, do qual o Santa Joana fazia parte e que ainda tem o controle do Memorial São José e de outras empresas do setor no Recife.
Listado na Forbes com uma fortuna de US$ 1,72 bilhão (R$ 7 bilhões), Edson Bueno fundou a Amil em 1972 junto com sua ex-esposa, a também bilionária Dulce Pugliese. Aos 72 anos, Bueno se mantém ativo no setor hospitalar. Além de maior acionista individual e conselheiro da UnitedHealth, Bueno também controla a Dasa, maior rede de laboratórios da América Latina avaliada em R$ 3 bilhões no ano passado. Ainda segundo a Forbes, ele é o 19º bilionário do Brasil. Filho de um caminhoneiro, ele formou-se em medicina em 1971, no Rio de Janeiro. Os dois filhos também estão envolvidos nos negócios da família.
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Eustácio Vieira continua na presidência do Hospital Santa Joana
(Foto: Mariana Guerra/ Arquivo JC Imagem)
NEGÓCIO - Segundo informações do grupo pernambucano, o negócio, cujo valor não foi revelado, consiste em uma associação do Santa Joana e da Empresa de Serviços Hospitalares (Esho), que já era integrante do UnitedHealth.
“O médico e empresário Dr. Eustácio Vieira (foto) permanece como presidente do Hospital Santa Joana e suas empresas coligadas, assim como permanecem a diretoria e todos os profissionais que garantiram a reputação dessas organizações. Também está assegurado o atendimento aos clientes das operadoras conveniadas, de modo a preservar o vínculo e a confiança conquistados na comunidade médica e entre os pacientes e seus familiares, aos quais o grupo serve desde 1979”, informou o Fernandes Vieira em nota enviada ao JC.

As conversas entre as companhias vêm sendo expostas desde o fim do ano passado. Em outubro, o Valor Econômico publicou matéria em que explicava que o comando do Santa Joana, assim como o do Memorial, até então eram divididos igualmente entre os irmãos Eustácio e José Aécio. Dentro do acordo do Santa Joana com o UnitedHealt, Aécio teria vendido toda sua fatia, enquanto Eustácio ficaria como sócio minoritário. Na nota enviada ao JC, o grupo Fernandes Vieira não dá detalhes da venda nem cita como foi negociada a participação de José Aécio.
A mensagem dos associados é que a nova estrutura terá um ganho de qualidade, principalmente no que diz respeito à tecnologia. “A Esho compartilhará com o grupo pernambucano sua expertise em inovação, em gestão de tecnologia aplicada a serviços e em ganho de escala. Serão intensificados os investimentos projetados, assegurando a continuidade da atualização tecnológica e do aperfeiçoamento em infraestrutura, já em curso”.

O Fernandes Vieira esclarece, ainda, que a Esho foi criada no Rio, em 1978, e hoje é uma rede hospitalar com atuação no Rio, em São Paulo, em Brasília, em Curitiba e em Fortaleza.  Os serviços da Esho são de média e alta complexidades, envolvimento atendimento ambulatorial, prevenção, ensino, pesquisa e introdução de novas tecnologias.
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Negociação entre Memorial São José e Rede D'Or é monitorada pelo Cade
Foto: Edmar Melo/ Arquivo JC Imagem
MEMORIAL SÃO JOSÉ - Outro importante ativo do grupo Fernandes Vieira está sendo negociado: o Memorial São José. As conversas estão avançadas com a Rede D’Or, como confirmou a diretora executiva do Santa Joana, Juliana Fernandes Vieira Maranhão.
No entanto, o acordo está no radar do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A análise do Cade surge em relação ao equilíbrio da concorrência devido à forte inserção da Rede D’Or em Pernambuco desde 2007: no Recife, são o São Marcos e Esperança; em Olinda, o Esperança Olinda (antigo Prontolinda).
De acordo com matéria publicada pelo Valor Econômico em outubro, “pesa a favor da Rede D’Or o fato de que o número de leitos de seus três hospitais em Pernambuco corresponde praticamente à metade do Real Hospital Português (...), com cerca de 800 leitos”. Ao JC, o grupo Fernandes Vieira não deu mais detalhes sobre esse negócio.

SETOR EM ALTA - Para além da solidez de seus ativos, os movimentos do grupo Fernandes Vieira são símbolo de dois pontos cruciais. O Recife é referência regional e nacional na área de saúde. Além disso, como destacado em matéria publicada recentemente pela Bloomberg, a área de saúde privada se mantém como um dos setores mais ativos para negócios no Brasil, mesmo com a recessão atual, depois da permissão para que grupos estrangeiros controlem empresas do ramo.
A venda da Amil foi fechada em 2012, por cerca de R$ 11 bilhões. Como parte do negócio, Bueno passou a integrar o conselho da UnitedHealth. De acordo a Bloomberg, o grupo norte-americano segue com estratégia de aquisições no Brasil. As negociações mais recentes seriam com o Santa Helena Saúde, de São Paulo.
Além da UnitedHealth, a Rede D’Or é um importante exemplo desse cenário. Fundada pelo cardiologista carioca Jorge Moll Filho, bilionário de 70 anos, a companhia vendeu 25,6% de seu controle ao BTG Pactual em 2010. À época, não era permitido haver capital estrangeiro no mercado de hospitais privados. Como o BTG tinha investidores de outros países em seus fundos, fez a transação através de debêntures conversíveis (títulos que podem ser trocados por ações).
Com a mudança na legislação, essa participação foi repassada por R$ 2,38 bilhões ao fundo soberano de Singapura (GIC). A venda ocorreu poucos dias depois da prisão de André Esteves, fundador do Pactual, dentro da Operação Lava Jato.

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