terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Vítima de estupro em Fernando de Noronha quebra silêncio


Bióloga foi vítima de estupro em Noronha no último dia 9. Ela participou de audiência do MPPE para discutir insegurança. Foto: JC Imagem
Bióloga, vítima de estupro em Noronha, participou de audiência do MPPE para discutir insegurança. Foto: Luiz Pesosa/NE10
“Um lugar que depende do turismo, que se vende como um paraíso de tranquilidade, não pode permitir que a violência contra a mulher se instale.” A afirmação é da bióloga de 30 anos, que foi vítima de estupro no início deste mês, no Arquipélago de Fernando de Noronha. A mulher decidiu quebrar o silêncio e falar sobre o caso, que chocou o país, durante audiência pública realizada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para discutir a insegurança em Noronha.
No encontro, a bióloga destacou a importância de denunciar os casos de violência para que os culpados sejam punidos. “Diante de todo o apoio que recebi, de todas as mulheres que se mobilizaram para denunciar esse ato de violência, acho que a nossa prioridade deve ser desconstruir as relações de poder sexistas. Para Fernando de Noronha ser um lugar realmente seguro para as mulheres noronhenses, para quem veio a trabalho e para as turistas, é necessário estimular a denúncia, proceder à investigação e punição dos culpados. Quanto mais difícil for para a mulher denunciar e quanto mais esses crimes ficarem impunes, mais estamos expondo as mulheres a riscos”, afirmou.
Segundo o inquérito policial, a vítima, no último dia 9, dirigiu-se à Delegacia de Fernando de Noronha e afirmou ter sido vítima de estupro. Ela foi surpreendida pelo suspeito e seguiu na moto dele até a Praia do Bode, onde foi obrigada a praticar ato sexual, sendo agredida fisicamente por causa da negativa. A Polícia Civil prendeu o suspeito na semana seguinte, após investigações e divulgação do retrato falado. O cozinheiro Nelson Thiago de Paula Lopes, 33 anos, foi encontrado no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Ele irá responder pelo crime estupro, cuja pena pode chegar a dez anos de reclusão.
Durante a audiência pública, a bióloga também destacou a importância de novas ações no combate à violência contra a mulher. “Não adianta alertar as mulheres sobre os perigos da violência enquanto o agressor continuar existindo. Tem uma frase que eu escutei, e gostaria que os homens refletissem sobre o assunto, que diz que o homem conhece o medo de ser estuprado quando vai preso. As mulheres não, elas morrem de medo de ser estupradas o tempo todo. É preciso pensar em uma campanha educativa voltada para os homens”, afirmou a vítima.
Estatísticas
Segundo o promotor de Justiça André Rabelo, a violência doméstica é um dos maiores problemas sociais em Fernando de Noronha. Cerca de 60% dos processos da área criminal ajuizados pela promotoria local se devem a casos desse tipo de crime.
Segurança
De acordo com a Polícia Militar, atualmente 28 PMs fazem a segurança ostensiva dos moradores e turistas da ilha. Eles se dividem em duas equipes, com escalas intercaladas de 24 horas. O patrulhamento é feito em viaturas e também por policiais em bicicletas e a pé.

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