Vítima de estupro em Fernando de Noronha quebra silêncio
“Um lugar que depende do turismo, que se vende como um paraíso de tranquilidade, não pode permitir que a violência contra a mulher se instale.” A afirmação é da bióloga de 30 anos, que foi vítima de estupro no início deste mês, no Arquipélago de Fernando de Noronha. A mulher decidiu quebrar o silêncio e falar sobre o caso, que chocou o país, durante audiência pública realizada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para discutir a insegurança em Noronha.
No encontro, a bióloga destacou a importância de denunciar os casos de violência para que os culpados sejam punidos. “Diante de todo o apoio que recebi, de todas as mulheres que se mobilizaram para denunciar esse ato de violência, acho que a nossa prioridade deve ser desconstruir as relações de poder sexistas. Para Fernando de Noronha ser um lugar realmente seguro para as mulheres noronhenses, para quem veio a trabalho e para as turistas, é necessário estimular a denúncia, proceder à investigação e punição dos culpados. Quanto mais difícil for para a mulher denunciar e quanto mais esses crimes ficarem impunes, mais estamos expondo as mulheres a riscos”, afirmou.
Segundo o inquérito policial, a vítima, no último dia 9, dirigiu-se à Delegacia de Fernando de Noronha e afirmou ter sido vítima de estupro. Ela foi surpreendida pelo suspeito e seguiu na moto dele até a Praia do Bode, onde foi obrigada a praticar ato sexual, sendo agredida fisicamente por causa da negativa. A Polícia Civil prendeu o suspeito na semana seguinte, após investigações e divulgação do retrato falado. O cozinheiro Nelson Thiago de Paula Lopes, 33 anos, foi encontrado no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Ele irá responder pelo crime estupro, cuja pena pode chegar a dez anos de reclusão.
Durante a audiência pública, a bióloga também destacou a importância de novas ações no combate à violência contra a mulher. “Não adianta alertar as mulheres sobre os perigos da violência enquanto o agressor continuar existindo. Tem uma frase que eu escutei, e gostaria que os homens refletissem sobre o assunto, que diz que o homem conhece o medo de ser estuprado quando vai preso. As mulheres não, elas morrem de medo de ser estupradas o tempo todo. É preciso pensar em uma campanha educativa voltada para os homens”, afirmou a vítima.
Estatísticas
Segundo o promotor de Justiça André Rabelo, a violência doméstica é um dos maiores problemas sociais em Fernando de Noronha. Cerca de 60% dos processos da área criminal ajuizados pela promotoria local se devem a casos desse tipo de crime.
Segurança
De acordo com a Polícia Militar, atualmente 28 PMs fazem a segurança ostensiva dos moradores e turistas da ilha. Eles se dividem em duas equipes, com escalas intercaladas de 24 horas. O patrulhamento é feito em viaturas e também por policiais em bicicletas e a pé.
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