sábado, 5 de dezembro de 2015

EDUCAÇÃO

Escolas particulares fazem ajustes para segurar escalada dos preços

Mutirão de negociação de débitos começa nesta segunda (7) em 150 colégios


Da Editoria de Economia

É difícil traçar uma média, mas, em alguns estabelecimentos no Grande Recife, o reajuste chega a passar dos 15%, segundo pesquisa feita pela reportagem / Foto: Edmar Melo/JC Imagem

É difícil traçar uma média, mas, em alguns estabelecimentos no Grande Recife, o reajuste chega a passar dos 15%, segundo pesquisa feita pela reportagem

Foto: Edmar Melo/JC Imagem

É temporada de renovação de matrícula escolar. As famílias que têm filhos na rede particular estão levando um susto ao irem para a ponta do lápis. Os colégios, por sua vez, estão na missão de cortar daqui, racionalizar dali na tentativa de minimizar o impacto, diminuir a inadimplência e segurar os alunos.
Muitas instituições de ensino neste ano anteciparam o período de matrículas para dar fôlego ao caixa para a virada do ano letivo. Cada escola tem sua planilha de custos e suas estratégias. É difícil traçar uma média, mas, em alguns estabelecimentos no Grande Recife, o reajuste chega a passar dos 15%, segundo pesquisa feita pela reportagem. 
A previsão dos economistas do mercado financeiro é que a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feche 2015 em 10,38%, segundo o último Boletim Focus. Encontrar um colégio com reajuste abaixo disso é exceção à regra. O Saber Viver, na Zona Norte, por exemplo, ainda está fechando o orçamento, mas antecipa que irá trabalhar com uma variação entre 6% e 7%.
“Estamos cortando gastos que não eram tão necessários para conseguir ajustar as contas e não passar o peso para os pais”, diz Rodrigo Ayres, do departamento financeiro. Na educação infantil, o pagamento em dia isenta as famílias do reajuste. 
Em 2015, a Saber Viver (assim como muitos outros colégios) investiu em economia de energia. Implantou, por exemplo, sistema de desligamento automático de ar-condicionado. A conta caiu em 25%. No Colégio Dom, em Olinda, também cortou-se o uso desnecessário de material, a exemplo de papel.
O reajuste da mensalidade na instituição atingiu 11%. O diretor pedagógico, Arnaldo Mendonça, explica que, no passado, chegou a passar três anos sem impor reajuste e ainda concedendo bonificação para o pagamento em dia. Mas, desta vez, não teve jeito.
Armando Reis Vasconcelos, diretor do Colégio Equipe, na Zona Norte – onde a mensalidade 2016 aumentou 10% –, lembra que, na planilha, já consta o reajuste de salário de professores, cuja data-base é em abril, também com base na inflação. “É o item mais forte da planilha das escolas, em torno de 70% no Equipe”, calcula.
Em 2015, o aumento salarial da categoria ficou em 8,7% (ensino fundamental 2 e médio) e 9,0% (ensino fundamental 1 e infantil). O reajuste pedido no início das negociações havia sido de 15%. No Equipe, houve investimento em lâmpadas de LED, revisão da rede elétrica e geradores de energia.
“Apesar de nossa clientela ser de classe média alta, estamos procurando respeitar o momento econômico”, diz Armando sobre o rearranjo orçamentário e o repasse de custos.
Mutirão de negociação
Em 2015, a inadimplência nas escolas, naturalmente, também cresceu. Ficou na casa dos 20%, segundo o Movimento de Respeito às Escolas Particulares (Morep). Desta segunda (7) até quinta (10), o movimento promove um mutirão de renegociação de débitos, em que as famílias poderão nas próprias escolas conseguir descontos na quitação dos atrasos. Cerca de 150 colégios irão participar na Região Metropolitana do Recife

As famílias que perderam o emprego estão fazendo um esforço para manter os filhos na rede privada de ensino, mesmo que se mude de colégio. Os estabelecimentos, por outro lado, estão investindo mais em marketing, gestão e propostas pedagógicas, na tentativa de atrair e reter o consumidor.

Por da fragilidade dos agentes econômicos, o consumidor, de maneira geral, tem buscado mais descontos. Mas nem sempre tem conseguido êxito, lembra o educador e consultor financeiro e sócio da Dsop Educação Financeira em Pernambuco Arthur Lemos.

“O consumidor está com o bolso pressionado por conta da majoração dos preços, mas as instituições empresariais também sofreram com a inflação. E aí as escolas, como outros segmentos, passam por um momento de fôlego financeiro restrito”, explica.

Na negociação do abatimento, vale, indica Arthur, se a família tiver condições, negociar um acordo de anuidade. “É uma oportunidade para a escola reforçar o fluxo de caixa”, lembra. Cada estabelecimento tem sua política. Alguns estão aberto a negociação, outros não. No Equipe, por exemplo, o abatimento no pagamento da anuidade é tabelado: 10%. No Dom, há isenção de uma das 12 mensalidades anuais. 

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