Produto Interno Bruto
Agências de risco rebaixam Reino Unido e bolsas perdem US$ 2 trilhões
Estadão Conteúdo
As agências de classificação de risco Standard & Poor’s e Fitch rebaixaram as notas de crédito do Reino Unido depois do BrexitFoto: Acervo
As agências de classificação de risco Standard & Poor’s e Fitch rebaixaram nesta segunda-feira (27), as notas de crédito do Reino Unido depois de a população decidir em referendo, na semana passada, deixar a União Europeia. A escolha dos britânicos fez o mercado de ações perder só na sexta-feira cerca de US$ 2 trilhões (R$ 6,7 trilhões) - o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
A queda do preço das ações em Londres, Paris, Frankfurt e na Ásia somou valor superior a todo o PIB brasileiro de 2015 ou R$ 5,9 trilhões. Segundo a S&P, as perdas superaram as causadas no dia seguinte à quebra do Lehman Brothers em 2008 e à Segunda Negra de 1987.
Ontem, a Standard & Poor’s rebaixou a classificação de risco do Reino Unido de AAA para AA, mantendo a perspectiva negativa - o que pode elevar os custos para que o Tesouro britânico ou as empresas do país tenham acesso a crédito externo.
Na avaliação dos analistas, o Brexit "vai enfraquecer a previsibilidade, a estabilidade e a efetividade do cenário político no país, afetar a economia e o crescimento do PIB, bem como seu equilíbrio fiscal e externo". Para a S&P, a opção pela saída da UE deve ainda desencadear uma crise constitucional, com Escócia e Irlanda do Norte fazendo um plebiscito sobre sua independência.
Na esteira da S&P, ontem a Fitch também rebaixou o rating de probabilidade de inadimplência do emissor de longo prazo em moedas estrangeira e local do Reino Unido de AA+ para AA. A perspectiva é negativa. Em comunicado, a agência afirma que a decisão do país de deixar a UE terá impacto negativo sobre sua economia, finanças públicas e política. "A Fitch acredita que a incerteza após o resultado do referendo vai induzir a uma abrupta desaceleração no crescimento do PIB no curto prazo, com as empresas adiando investimentos e considerando mudanças no ambiente legal e regulatório."
MERCADOS - Ontem, as bolsas voltaram a fechar em forte baixa e, para analistas, o pânico inicial ainda não foi totalmente absorvido. A moeda britânica atingiu seu menor valor em 31 anos, num patamar de US$ 1,3151. Os papéis do Tesouro de Londres atingiram baixa recorde. As ações de empresas aéreas, empresas de construção e bancos foram as mais afetadas. O Royal Bank of Scotland chegou a perder 22%, ante uma queda de 21% nas ações da Easyjet. No Brasil, o principal índice da BM&FBovespa recuou 1,72%.
Agora, analistas começam a avaliar o impacto que a saída pode ter no médio e longo prazos. "Houve uma primeira onda de impacto que foi imediata", disse ao Estado o estrategista-chefe do banco suíço Julius Baer, Christian Gattiker, que aposta em uma intervenção mais ampla dos bancos centrais se o colapso das bolsas continuar.
Uma segunda onda, para ele, pode ser a avaliação do "risco de um contágio" mais generalizado no mercado de ações da Europa. "A pergunta que se faz é se o Brexit é o primeiro sinal do fim da UE no longo prazo", apontou o representante do maior private bank independente da Suíça com 393 bilhões de francos suíços em ativos. Uma terceira onda de reações estaria baseada na resposta que a comunidade internacional dará à saída do Reino Unido da UE "Veremos qual será a resposta política da UE, do G-7 e também dos bancos centrais."
INCERTEZAS - Nesta segunda-feira, nem mesmo a tentativa do ministro de Finanças do Reino Unido, George Osborne, de tranquilizar os mercados acalmou os investidores. Seu recado era de que a economia britânica era sólida e que, nos últimos meses, "planos robustos de contingência foram criados". Ao Parlamento, o primeiro ministro David Cameron disse que negociar a saída da UE pode ser "o maior desafio da administração pública por décadas".
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