sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


Mulher procura diagnóstico para doença que a fez engordar até 3kg por dia

Brena Monteiro, de 29 anos, começou a apresentar sintomas de retenção de líquidos há dois anos e, até hoje, não sabe o que provoca. Ela já engordou 60kg
Brena Monteiro buscca um diagnóstico da doença que a fez engordar 60kg. Foto: Laís Araújo/DP/D.A Press

Com um lado médico cheio de interrogações, Brena Monteiro, de 29 anos, vai de um hospital a outro buscando respostas para a doença ainda sem nome com que vive há dois anos. Sua saúde e sua aparência mudaram drasticamente num período curto de tempo, desestabilizando psicologicamente a jovem e sua família. A incerteza sobre o que acontece em seu próprio corpo angustia Brena que, antes ativa e com os dias agitados, passou a passar a maior parte do tempo deitada em seu quarto, sentindo dificuldades para permanecer em pé e evitando sair para lugares públicos, por não aceitar nem entender as mudanças corporais que fizeram com que ela “não se reconhecesse mais”.

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Dois anos atrás, Brena praticava jiu-jitsu, saía com os amigos nos fins de semana e ajudava em casa da forma podia. Tinha 1,60m e 90 quilos. De repente, seu corpo começou a mudar. Um inchaço generalizado tomou conta de seu rosto e corpo e toda a sua rotina foi alterada. “Procurei atendimento. Fui parar no IMIP, onde fiquei internada por dezoito dias. Primeiro suspeitaram de anasarca, um inchaço que dá em toda a pele do corpo. Depois, o diagnóstico mudava todo dia: de hepatite à lúpus”, conta. Ela afirma que a falta de resposta foi se tornando desesperadora, e ela resolveu voltar pra casa. Foi assim que começou suas idas e vindas em busca de novos cuidados médicos. Num intervalo curto de tempo, havia engordado sessenta quilos, chegando aos 150kg. “Os médicos diziam que não era de gordura, mas de líquidos, uma retenção sem explicação. Meu estilo de vida não havia mudado, então não fazia sentido”. Seus relatórios médicos mostram ganho de peso extraordinário, chegando a ganhar 3kg diariamente.

Durante o período, chegou a ficar dois meses sem conseguir andar. “Meu corpo paralisou por causa da retenção de líquidos. Eu só ficava deitada, na mesma posição, minha mãe que me ajudava. Pedi por um fisioterapeuta mas não tive, então minha mãe fazia massagens e me ajudava a me mexer”. Nessa época, ela dividiu o espaço de internação com uma paciente recém-internada, que havia chegado bem ao hospital. “Mas em uma semana ela morreu do meu lado. Eu já estava muito mal, me deprimindo, e essa situação me fez piorar. Foi horrível, eu vi tudo”. O lado psicológico preocupa Brena e o restante da família, que não possuem auxílio para lidar com a situação. “Minha filha não é mais a mesma. Antes ela era saudável, vaidosa, me ajudava trabalhando do jeito que dava desde que tinha 15 anos”, relata Rose Monteiro, mãe de Brena, responsável por ela durante os dias em que passou no hospital. 

De médico em médico, o tratamento experimental mudava a cada consulta. Hoje o tratamento clínico consiste em medicamento diurético, corticoide – que pode ter obesidade como efeito colateral, remédio para a tireoide e para manter as taxas de colesterol baixas. “Além disso, tomo remédio para os nervos, por conta própria. Tem dias que só fico em casa chorando, tenho pensamentos horríveis, por isso preciso. Gostaria de um tratamento psicológico adequado, mas também não obtive encaminhamento... está sendo muito difícil pra mim”. Brena diz que não se reconhece como a mesma pessoa por causa da mudança drástica e rápida que passou. Do manequim 42 passou para o 56 em poucas semanas, e as roupas que usa hoje em dia foram doadas pela família e amigos. 

Procurado pelo reportagem, o Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), hospital em que Brena Monteiro se internou e foi tratada a maior parte do tempo, informou que não pode emitir informações sobre o caso. Segundo o Instituto, a paciente deve procurar a ouvidoria do hospital para obter maiores informações. Brena já prestou queixa no Conselho de Medicina de Pernambuco (Cremepe) em 2012, relatando descaso médico em relação a sua situação. O conselho ainda não respondeu.

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