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Rebelião na Funase deixa um interno morto
Um menor foi decapitado e teve seus restos mortais atirados por cima do muro para fora da unidade
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Batalhão de Choque da Polícia Militar foi chamado para conter o motim. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press |
Uma
rebelião na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), em Abreu e
Lima, Região Metropolitana do Recife, na noite desta sexta-feira (30),
deixou um adolescente morto. A assessoria de comunicação da Funase
confirmou que um menor foi decapitado e seu corpo esquartejado e
queimado. Parte dos restos mortais da vítima foram arremessados por cima
do muro da unidade. A área permaneceu sem isolamento por várias horas.
O
tumulto começou por volta das 19h. Os agentes socioeducativos foram
expulsos da unidade, mas nenhum se feriu ou sofreu ameaças. Os internos
colocaram fogo em colchões e cadeiras, mas as chamas foram controladas
pelos bombeiros. Uma ambulância foi enviada ao local para casos de
emergência. Cerca de uma hora depois, o Batalhão de Choque da Polícia
Militar entrou na Funase para conter a situação. Só saíram às 22h45,
após usarem várias bombas de gás lacrimogênio.
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Familiares dos internos aguardavam por notícias do lado de fora da unidade. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press |
Durante
as quatro horas que durou a rebelião, o clima era bastante tenso no
local. Pais e amigos dos adolescentes aguardavam informações do lado de
fora da Funase. Algumas mães demonstravam nervosismo e choravam em busca
de notícias de seus filhos. Outras gritavam revoltadas, protestando
contra a violência a que seus filhos estavam sendo submetidos no dia a
dia. "Bateram no meu filho, coisa que eu mesma nunca fiz. Enquanto eu
fico em casa comendo, meu filho é espancado aí dentro. Ninguém faz nada,
porque não é filho de rico, né?", reclamava uma mãe, que preferiu não
se identificar.
Os reais motivos da rebelião ainda não foram
esclarecidos, mas informações extra oficias afirmam que os internos não
estariam de acordo com a gestão da unidade. Cerca de 50 jovens foram
retirados da unidade e transferidos para o Centro de Reeducação da
Polícia Militar (Creed).
Violência - O ano nas
unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo foi marcado por muita
violência. No dia 16 de novembro, um interno morreu depois de um
tumulto na Funase do Cabo de Santo Agostinho. Ainda este ano, no mês de
janeiro, na mesma unidade, foram registradas três mortes. Duas das
vítimas tiveram os corpos carbonizados. Uma teve a cabeça decapitada e a
outra morreu por asfixia. Em maio, mais um registro de morte. Um
adolescente foi assassinado a pauladas e um agente teve traumatismo
craniano. Em setembro, no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de
Abreu e Lima, um adolescente de 16 anos teve o corpo queimado.